Introdução


O acelerado desenvolvimento tecnológico, económico e social a que se tem assistido, tem reflexo nas preferências e expetativas dos consumidores relativamente aos seus serviços, nomeadamente no serviço de acesso à internet. Assim, por exemplo, telefones e computadores tradicionais (sejam fixos ou móveis) tendem a tornar-se menos atrativos face a novos equipamentos ou portáteis, como PDAs, smartphones ou leitores de mp4. Exemplo disso é o aumento do peso relativo dos smartphones no volume de vendas de telemóveis (ver Figura 1).

Figura 1 - Venda de telemóveis tradicionais e de smartphones, entre o final de 2008 e o terceiro trimestre de 2011

Aumento do peso relativo dos smartphones no volume de vendas de telemóveis.

Fonte: IDC, Portugal.

Estas novas tendências são causa e efeito da corrente convergência entre serviços fixos e móveis, que permite a utilização em simultâneo de várias plataformas e a ubiquidade entre vários acessos, ou seja, que permitem realizar chamadas de voz, ver televisão ou vídeos, ou aceder à internet ao mesmo tempo. As novas ofertas retalhistas são um reflexo desta evolução.

Para além das novas funcionalidades associadas aos equipamentos mais recentes e menos tradicionais, outros fatores poderão justificar o aumento da procura destes novos equipamentos, nomeadamente:

a) A maior facilidade de acesso e realização de determinadas actividades, comparativamente com os equipamentos tradicionais. Por exemplo, um telemóvel (tipo smartphone) que permita com maior facilidade aceder a redes sociais poderá ser considerado uma opção mais viável do que um telemóvel tradicional por parte de alguns utilizadores;

b) O número crescente de aplicações associadas aos acessos móveis à internet, em especial dos acessos por telemóvel, os quais parecem contribuir para uma utilização da banda larga móvel em qualquer momento;

c) A capacidade e a facilidade associada à mobilidade do equipamento – enquanto no passado houve uma tendência de substituição dos computadores de secretária por computadores portáteis 1, atualmente a sua dimensão e o peso parecem ser fatores que começam a ganhar mais relevo, tanto que se verifica uma diminuição da venda de computadores portáteis que se deverá não só à atual conjuntura económica mas também, ao aumento da procura de equipamentos alternativos, de menor dimensão, como os tablets e os ebooks, ou livros eletrónicos, entre outros;

d) A possibilidade de personalizar o serviço de comunicação e o equipamento de acesso ao mesmo.

É expectável que, no futuro, os equipamentos de comunicações eletrónicas mais procurado pela generalidade dos utilizadores sejam aqueles de utilização mais simples, com possibilidade de personalização, que confiram acesso expedito às funcionalidades e atividades mais frequentemente utilizadas por certos grupos de utilizadores e que tenham a menor dimensão e peso possíveis.

As novas ofertas de banda larga móvel quer por pen USB, quer por telemóvel refletem a evolução das tecnologias de acesso a esse serviço. De acordo com ICP-ANACOM (2011a), entre 2009 e 2010 o número de ofertas de banda larga móvel, seja por pen USB ou por telemóvel, aumentou de cerca de 48 ofertas para mais de 70 ofertas retalhistas e a velocidade máxima contratualizada aumentou de 21,6 Mbps para 41,3 Mbps. Em ANACOM (2011a) faz-se referência ao facto de as ofertas de banda larga móvel para uma pen USB terem características muito distintas daquelas para telemóvel, em especial no que respeita ao tráfego disponibilizado.

Adicionalmente, em 2011 dois 2 prestadores de serviço disponibilizavam pen USB com possibilidade de acesso à banda larga móvel em 4G (LTE) e em 2012 um destes 3 permite já o pré-registo a ofertas de retalho 4G para utilizadores particulares e empresariais.

Estes desenvolvimentos verificados na banda larga móvel, quer em termos de plataformas como de velocidades, acompanham o desenvolvimento na banda larga fixa. Esta evolução tecnológica é ilustrada na Figura 2, referida no estudo do ICP-ANACOM sobre a evolução das NGA (ICP-ANACOM, 2011b).

Figura 2 – Evolução tecnológica das redes de acessos fixos e móveis

Estes desenvolvimentos verificados na banda larga móvel, quer em termos de plataformas como de velocidades, acompanham o desenvolvimento na banda larga fixa.

Fonte: ICP-ANACOM (2011b).

Este desenvolvimento também é visível se considerados os resultados dos testes realizados pelos utilizadores de internet no sitio de internet da Speedtest 4. De acordo com os dados adquiridos 5 pelo ICP-ANACOM junto dessa empresa, entre Maio de 2007 e meados de Julho de 2010, o débito descendente médio dos acessos fixos residenciais à Internet aumentou de 4,4 Mbps para 16,6 Mbps e o débito descendente médio dos acessos móveis registou um aumento de 0,6 Mbps para 1,8 Mbps – ver Figura 3.

Esta melhoria, traduzida por um aumento generalizado dos débitos, verificou-se em todas as regiões 6 e concelhos do país, ainda que não de forma homogénea, tendo o aumento sido mais acentuado nas zonas do litoral, mais populosas e onde existe mais concorrência.

Figura 3 – Evolução do débito descendente médio (em Mbps) dos acessos fixos residenciais e dos acessos móveis (independentemente do meio de acesso) à internet

Esta melhoria, traduzida por um aumento generalizado dos débitos, verificou-se em todas as regiões e concelhos do país, ainda que não de forma homogénea, tendo o aumento sido mais acentuado nas zonas do litoral, mais populosas e onde existe mais concorrência.

Fonte: ICP-ANACOM, com base em dados da Ookla / Speedtest.

Considerando a recente evolução tecnológica das ofertas e da procura, pretende-se compreender a evolução na forma como os indivíduos acedem à internet móvel, seja por pen USB ou por telemóvel, bem como de que forma esta utilização é condicionada pela utilização em paralelo do acesso fixo. A satisfação atual quanto à utilização dos acessos móveis e a intenção de manter ou desistir dos mesmos também são temas que também se analisam.

Para o efeito, o ICP-ANACOM promoveu a realização de um inquérito amostral à população residente em Portugal, com 15 ou mais anos de idade, para aferir quanto aos hábitos de utilização da internet, a partir das seguintes formas de acesso: a) acesso móvel usando uma pen USB; b) acesso móvel usando um telemóvel e c) acesso fixo.

O inquérito foi realizado de forma a compreender o tipo de utilização dos diferentes meios de acesso móvel à internet dos inquiridos, num contexto em que esse acesso é exclusivo e quando o utilizar dispõe de outro(s) meio(s) de acesso à internet. Quando o inquirido dispõe de mais do que uma forma de acesso, o inquérito permite conhecer as características associadas à utilização de ambos os acessos.

O capítulo 3 inclui a ficha técnica do inquérito amostral concebido e promovido pelo ICP-ANACOM e realizado pela empresa Spirituc – Investigação Aplicada, Lda.. O capítulo 4 apresenta a distribuição dos inquiridos por tipo(s) de acesso(s) utilizado(s) para aceder à internet. No capítulo 5 são apresentados os resultados sobre a utilização da internet, por forma de acesso à mesma, bem como os motivos associados à escolha do prestador de acesso, a satisfação quanto ao meio de acesso utilizado, a intenção futura de desistir desse acesso e a existência de outros meios de acesso à internet no passado. O capítulo 6 apresenta os resultados apurados, quando questionados os inquiridos quanto à sua opinião sobre a banda larga móvel através de uma pen USB e de que forma é que esta se compara com a banda larga fixa.

As principais conclusões do estudo são apresentadas no capítulo 7.

Notas
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1 No segundo trimestre de 2011, de acordo com dados da IDC Portugal, no total de computadores vendidos, cerca de 83% eram computadores portáteis, Informação disponível em Venda de PCs Desce 21,2% em Portugal no Segundo Trimestre de 2011http://www.idc.pt/press/pr_2011-08-25.jsp.
2 Os dois prestadores de serviço são a TMN e a Vodafone e o preço da pen USB é de cerca de 159,9 €.
3 O prestador de serviços mencionado é a Vodafone.
4 Ver Speedtest.nethttp://www.speedtest.net.
5 Foi adquirida informação à Ookla, empresa detentora do serviço Speedtest, sobre os resultados de testes - cerca de 7,5 milhões - realizados entre 2006 e meados de Julho de 2010, por utilizadores com endereço de Internet Protocol (doravante designado por IP) português que testaram os débitos e a latência dos seus acessos nos servidores (localizados em Portugal ou no estrangeiro) do Speedtest.
6 As regiões correspondem aos distritos do continente português e às regiões autónomas, Açores e Madeira.