Metodologia


O inquérito realizado teve como objetivo compreender a forma como os diferentes meios de acesso à internet móvel são atualmente utilizados em Portugal. Questionaram-se também os inquiridos quanto à utilização da internet fixa, para permitir validar se a utilização que o utilizador atribui à internet móvel, influi na sua utilização a partir dos acessos móveis.

As plataformas ou meios para aceder à internet considerados neste estudo foram os seguintes: a) pen USB; b) telemóvel tipo smartphone e; c) acesso fixo.

O inquérito foi concebido pela ANACOM e o processo de inquirição foi realizado pela empresa Spirituc – Investigação Aplicada, Lda. (doravante designada por Spirituc), através do método CATI (Computer-Assisted Telephone Interviewing) para telefones fixos e telemóveis, entre os dias 14 de Junho e 20 de Julho de 2011, à população residente em Portugal, com 15 ou mais anos de idade.

No caso dos contactos realizados para telefones fixos, a escolha do inquirido foi realizada com base na pessoa do agregado cujo aniversário natalício ocorrera mais recentemente, para tornar a escolha do inquirido o mais aleatória possível. Como quem responde ao inquérito poderá não ser o indivíduo principal responsável pelo pagamento do acesso ou não ter poder de decisão quanto à aquisição do mesmo, não será de excluir algum tipo de enviesamento nas respostas cujas questões estão associadas aos preços (nomeadamente a satisfação com o preço pago) ou aos motivos de escolha/mudança do prestador ou da troca de um meio de acesso à internet ou outro meio de acesso. No entanto, é expectável que este enviesamento, a existir, seja reduzido porque quem responde ao inquérito, utiliza o acesso, tendo sensibilidade quanto às características do mesmo e aos motivos pelos quais este está disponível no agregado familiar.

A cada meio de acesso à internet foram associadas questões sobre a forma como o inquirido utilizava esse acesso à internet e não somente ao acesso mais utilizado. Tal permitiu verificar de que forma a utilização de mais do que um acesso à internet influi na forma como o inquirido utiliza cada um.

Pretendeu-se obter um mínimo de 1 067 respostas válidas ao inquérito, para cada grupo de acesso à internet (internet fixa, internet por pen USB e internet por telemóvel).

Quando um inquirido tinha mais do que um meio de acesso à internet, este foi contabilizado em cada um dos grupos, pelo que o total da amostra foi de 3 076 respostas, distribuídas da seguinte forma:

a) 2 377 inquiridos com internet fixa;

b) 1 368 inquiridos com internet por pen USB;

c) 1 068 inquiridos com internet por telemóvel.

Estes resultados foram ponderados para obter a representatividade ao nível da população residente em Portugal, com 15 ou mais anos, respetivamente com internet fixa, com internet por pen USB e com internet por telemóvel, tendo em conta o género, o grupo etário e a região 1 do país, de acordo com a informação disponível associada a cada uma dessas formas de acesso à internet.

Apesar de estar prevista a realização de uma inquirição com seleção aleatória dos inquiridos para as três amostras, a dificuldade em obter utilizadores com acesso à internet por telemóvel obrigou a que, a partir de certa fase, a amostra deixasse de ser aleatória 2. Note-se que, de acordo com os dados da Comissão Europeia, somente 4 em 100 habitantes de Portugal utilizam o telemóvel para aceder à internet, o que compara com uma média de 8 em 100 habitantes residentes nos vinte e sete países da União Europeia.

Finalmente, reconhecendo que, de acordo com a última análise de mercados relevantes realizada pelo ICP-ANACOM (datada de 2009), o mercado da banda larga fixa é geograficamente diferenciado ao nível da concorrência existente 3, sempre que oportuno, analisaram-se os resultados do inquérito, também de acordo com esta vertente. Para o efeito, desagregou-se a amostra por concelhos em que existia pelo menos uma área de central competitiva 4, designados neste estudo por concelhos ‘C’, e em concelhos sem áreas de central competitiva, designados por concelhos ‘NC’.

Desagregada a amostra por tipo de acesso à internet e indicador de área de central competitiva, verifica-se que existem mais utilizadores de acesso fixo e por telemóvel nos concelhos com áreas de central competitivas, ou concelhos ‘C’, do que utilizadores por pen USB – cerca de 75% nos dois primeiros casos e cerca de 66% por pen USB.

Este resultado poderá ter diferentes leituras. Por exemplo, poderá resultar, em parte, do programa e.Iniciativas ter tido uma taxa de adesão superior nos concelhos pertencentes ao interior do país, nos quais geralmente a concorrência é mais limitada – ver resultados do estudo do ICP-ANACOM sobre o impacto e a adesão às e.Iniciativas (ICP-ANACOM, 2010). Também sugere que quando existe concorrência, esta parece ser mais forte ao nível da banda larga fixa do que ao nível da banda larga móvel por pen USB.

Notas
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1 Considerou-se a seguinte desagregação regional do país: Grande Lisboa, Grande Porto, Litoral Norte, Litoral Centro, interior Norte, Sul, Madeira e Açores.
2 Apesar de a amostra não ser aleatória, tal não influi nos resultados obtidos, por se pretender analisar a forma de utilização dos acessos à internet e não obter taxas de subscrição relativamente a cada um dos meios de acesso.
3 Ver deliberação do dia 14 de Janeiro de 2009, da ANACOM, sobre a “Definição dos mercados do produto e mercados geográficos, avaliações de PMS e imposição, manutenção, alteração ou supressão de obrigações regulamentares”, disponível em Mercados de fornecimento grossista de acesso à infra-estrutura de rede num local fixo e de acesso em banda largahttps://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=812378.
4 Por área de central competitiva entende-se uma “áreas abrangidas por uma MDF onde está presente, no mínimo, um operador co-instalado (OLL) e, no mínimo, um operador por cabo e onde a penetração do cabo na MDF é superior a 60%.”