Tipo de utilização da internet



Longevidade de utilização

Foram questionados os inquiridos sobre a duração da utilização em meses e anos dos acessos à internet. Conforme seria expectável, a longevidade está relacionada com a introdução destas tecnologias no mercado. Assim, constata-se que a longevidade média de utilização é superior nos inquiridos com acesso à internet fixa (4,5 anos), seguida dos utilizadores por pen USB (2,4 anos) e dos utilizadores de internet usando telemóvel (1,5 anos) – ver Tabela 1. A longevidade de utilização da pen USB também é maior quando este serviço não está incluído num pacote de serviços (2 anos).

Não foram encontradas diferenças estatísticas sobre a longevidade de utilização nos concelhos ‘C’ e nos concelhos ‘NC’, independentemente do meio de acesso.

Quando o utilizador dispõe das duas plataformas de acesso móvel, pen USB e internet por telemóvel, a longevidade da utilização desses acessos é maior comparativamente com quando o inquirido dispõe exclusivamente de um desses meios de acesso à internet, independentemente de o utilizador também ter, ou não, acesso fixo à internet. Já no caso dos acessos fixos, os utilizadores com os três meios de acesso à internet são aqueles em que a longevidade de utilização do acesso fixo é maior, comparativamente com os restantes utilizadores de acesso fixo – ver Tabela 1.

Tabela 1 – Longevidade de utilização (anos), por meio de acesso à internet

Longevidade de utilização (anos), por meio de acesso à internet

Utilização acesso fixo

Utilização pen USB

Utilização telemóvel

Acesso exclusivamente fixo

4,4 (514)

-

-

Acesso exclusivo por pen USB

-

2,3 (303)

-

Acesso exclusivo por telemóvel

-

-

1,4 (67)

Acesso por pen USB e telemóvel

-

2,6 (123)

1,7 (113)

Acesso por pen USB e acesso fixo

4,6 (224)

2,2 (269)

-

Acesso por telemóvel acesso fixo

4,3 (298)

-

1,4 (355)

Acesso usando os três equipamentos

5,2 (161)

2,5 (198)

1,7 (205)

Total dos respondentes

4,5 (1.197)

2,4 (1 197)

1,5 (740)

Fonte: ICP-ANACOM, com base nos resultados do inquérito sobre as formas de acesso à internet.

Numa análise à distribuição dos inquiridos por longevidade de utilização – ver Tabela 2 – verifica-se que mais de 60% dos inquiridos com acesso à internet por telemóvel utiliza este serviço há menos de um ano e que cerca de metade dos inquiridos com internet fixa utiliza esse acesso há pelo menos três anos. Distingue-se a distribuição da longevidade de utilização da pen USB, por ser muito homogénea face aos intervalos considerados, possivelmente em virtude das diversas ofertas que têm surgido no mercado, nomeadamente os programas de incentivo à adesão à Sociedade de Informação e à mais recente disponibilização da pen USB em pacotes de serviços, para além das ofertas comuns da pen USB.

Tabela 2 – Distribuição dos inquiridos, por meio de acesso e longevidade de utilização do mesmo

Distribuição dos inquiridos, por meio de acesso e longevidade de utilização do mesmo

Acesso Fixo

Acesso por Pen USB

Acesso por Telemóvel

[1 mês; 6 meses]

8,8%

16,8%

34,1%

]6 meses; 1 ano]

14,8%

19,9%

29,3%

]1 ano; 2 anos]

15,5%

21,0%

19,0%

]2 ano; 3 anos]

10,9%

21,5%

6,3%

]3 ano; +00]

50,0%

20,8%

11,4%

N

(1.192)

(895)

(742)

Estimativa: (#) Estimativa não fiável; (*) Estimativa aceitável; (sem sinalética) Estimativa fiável.
Fonte: ICP-ANACOM, com base nos resultados do inquérito sobre as formas de acesso à internet.

Locais de utilização

Questionaram-se os utilizadores com acessos móveis à internet, quanto aos locais de utilização dos mesmos.

Conforme seria expectável, face à mobilidade inerente a este meio de acesso à internet, a maior parte dos utilizadores de internet por telemóvel referiu utilizar o meio de acesso principalmente fora de casa ou apenas fora de casa – cerca de 61,8% usam-no somente fora de casa e cerca de 24,3% principalmente fora de casa. A proporção de utilizadores que usa este equipamento somente fora de casa diminui substancialmente (28,6%) quando este meio de acesso à internet é exclusivo, porventura porque será quando tem mais tempo disponível e porque não existe outro meio de acesso à internet alternativo.

No caso dos utilizadores de internet usando pen USB, os resultados são distintos, quando o utilizador também tem um acesso fixo versus quando dispõe exclusivamente da pen USB – ver Tabela 3. Quando o inquirido dispõe dos dois meios de acesso à internet, mais de metade dos inquiridos utiliza a pen USB somente fora de casa (59,0%) porventura porque em casa utiliza o acesso fixo. Quando o inquirido não dispõe de acesso fixo, utiliza a pen USB principalmente em casa (49,6%) e a proporção que refere utilizar exclusivamente fora de casa diminui drasticamente, para cerca de 5,4%.

Tabela 3 – Distribuição dos inquiridos com pen USB, por local de utilização da mesma

Distribuição dos inquiridos com pen USB, por local de utilização da mesma

Total acessos Pen USB

Exclusivo

Pen USB

Acesso por Pen USB e acesso fixo

Exclusivamente em casa

14,5%

26,8%

7,5%

Principalmente em casa

28,1%

49,6%

9,7%

Principalmente fora de casa

20,2%

17,2%

21,6%

Exclusivamente fora de casa

35,5%

5,4%

59,0%

Ns/Nr

1,7%

1,1%

2,3%

N

(1.368)

(457)

(735)

Estimativa: (#) Estimativa não fiável; (*) Estimativa aceitável; (sem sinalética) Estimativa fiável.
Fonte: ICP-ANACOM, com base nos resultados do inquérito sobre as formas de acesso à internet.

Relativamente aos 26,8% de inquiridos exclusivamente com acesso por pen USB que utilizam esse serviço somente em casa, poder-se-á questionar se a valorização da possibilidade de mobilidade, ainda que não utlizada, induz à opção de escolha da pen USB, ou se existem outros fatores associados a esta decisão. Entre os 49,6% de inquiridos que dispõem exclusivamente da pen USB e que a utilizam principalmente em casa, porventura o número de vezes que utilizam o serviço fora de casa justifique essa alternativa – de referir que 82,7% destes inquiridos utilizam esse acesso diariamente, desconhecendo-se a proporção de vezes que utilizam o acesso fora de casa.

As medidas de política pública de promoção do acesso à Sociedade de Informação, nomeadamente as e.Iniciativas, também podem ter contribuído para a utilização da pen USB exclusiva ou principalmente em casa. De acordo com os resultados do presente inquérito sobre os meios de acesso à internet, os utilizadores com pen USB que beneficiaram desse serviço a partir de uma dessas medidas de política pública, utilizavam mais esse serviço exclusivamente ou principalmente em casa (54,7% dos inquiridos) comparativamente com os não beneficiários desses programas (39,5%). Em ICP-ANACOM (2010), já se indiciavam estes resultados, uma vez que, de acordo com esse estudo, após a adesão às e.Iniciativas, os aderentes continuavam a utilizar principalmente a internet em casa.

O pagamento, total ou parcial, dos acessos móveis à internet por parte das entidades empregadoras parece justificar parte da diferença de utilização da pen USB dentro e fora de casa. No conjunto dos inquiridos cujo acesso é pago pela entidade empregadora, mais de metade dos utilizadores utiliza esse acesso sempre fora de casa, decrescendo para cerca de um terço quando o pagamento é realizado totalmente pelo utilizador.

Frequência de acesso

A informação sobre a frequência de acesso à internet foi recolhida com base numa questão de resposta fechada, com sete opções de resposta identificadas na Tabela 4. Estas opções de resposta permitirem identificar que tipo de utilizadores são mais assíduos no acesso à internet, não permitindo, no entanto, verificar a duração de cada ligação ou o número de vezes, em média, que um utilizador diário acede à internet.

No cômputo geral, verifica-se que a distribuição dos inquiridos por frequência de acesso à internet (considerando as opções de respostas definidas) é semelhante nos inquiridos com acessos móveis, seja por pen USB ou por telemóvel, e diferente nos inquiridos com acesso fixo – sendo que os segundos têm maior frequência de acesso diária que os primeiros. Por exemplo, de acordo com a Tabela 4, a proporção de inquiridos que referiu estar sempre ligado ou que se liga várias vezes ao dia é bastante maior quando associada ao acesso fixo, comparativamente com quando associada a acessos móveis.

Tabela 4 – Distribuição dos inquiridos, por meio de acesso à internet e frequência de acesso

Distribuição dos inquiridos, por meio de acesso à internet e frequência de acesso

Acesso Fixo

Acesso por Pen USB

Acesso por Telemóvel

Sempre ligado

13,6%

2,3%

3,0%

Várias vezes / dia

41,2%

23,8%

18,7%

Pelo menos uma vez / dia

36,6%

36,9%

31,9%

Pelo menos uma vez / semana

6,4%

19,1%

22,9%

Pelo menos uma vez / mês

0,9%

10,3%

14,2%

Menos de uma vez/mês

0,3%

5,8%

6,1%

Ns/Nr

0,9%

1,7%

3,2%

N

(2.377)

(1.368)

(1.068)

Estimativa: (#) Estimativa não fiável; (*) Estimativa aceitável; (sem sinalética) Estimativa fiável.
Fonte: ICP-ANACOM, com base nos resultados do inquérito sobre as formas de acesso à internet.

A análise sobre a aparente semelhança de frequência de acesso, acima referida, entre utilizadores por pen USB e por telemóvel, é limitada pela impossibilidade em aferir com base no presente inquérito, a duração de cada ligação ou a frequência diária de acesso.

Adicionalmente nota-se que no caso de utilizadores de internet por telemóvel, o conceito de ‘sempre ligado’ pode ser algo ambíguo. Isto porque se desconhece se os inquiridos que, estando sempre ligados, que recebem avisos da internet, nomeadamente sobre a receção de correio na sua caixa postal, entre outras, reconhecem estar sempre ligados ou apenas consideram que a ligação se realiza quando efetivamente acedem à internet para verificar o correio recebido.

De notar que a frequência de acesso à internet, por meio de acesso à mesma, não apresenta diferenças estatisticamente significantes nos concelhos ‘C’ e nos concelho ‘NC’, independentemente do meio de acesso em causa.

No caso especifico dos utilizadores de internet usando uma pen USB, verificou-se haver uma maior frequência de acessos diários por parte daqueles que adquiriram o serviço fora de um dos programas governamentais para promover a Sociedade da Informação (nomeadamente as e.Iniciativas) face aos restantes. Este resultado não surpreende, porquanto no estudo do ICP-ANACOM sobre a adesão e o impacto das e.Iniciativas, de Dezembro de 2009 1 (ICP-ANACOM, 2010), já se havia notado que o volume de tráfego per capita dos aderentes às e.Iniciativas, era cerca de metade do volume de tráfego dos não aderentes a essas iniciativas, ainda que se verificasse uma convergência entre os dois grupos e ainda que o número de ligações à internet possa não ter uma relação linear com o tráfego utilizado.

Na Tabela 4, supra apresentada, não é possível verificar de que forma é que a utilização de mais do que uma plataforma de acesso à internet pelo mesmo utilizador influi no acesso diário que este atribui a cada um desses acessos. Uma análise à frequência de acesso à internet, nos inquiridos exclusivamente com um meio de acesso, mostrou que enquanto nos acessos por pen USB e por telemóvel existe um aumento do acesso diário, comparativamente com quando são conjugados com outros acessos, no caso do acesso fixo à internet verifica-se o oposto. Este resultado também é visível a partir da informação constante na Tabela 5, a qual discrimina, por tipo de acesso, a proporção de utilizadores diários desse acesso (seja sempre ligado, ligado várias vezes ao dia ou ligado uma vez ao dia), quando o mesmo existe isoladamente ou quando é conjugado com outro(s) meio(s) de acesso à internet.

De acordo com os resultados na Tabela 5, quando o utilizador dispõe de internet fixa e internet móvel, o acesso móvel (seja pen USB ou telemóvel) é menos frequentemente utilizado para aceder à internet. Assim entre os utilizadores de acessos móveis, especialmente do acesso por pen USB, o acesso diário utilizando esse meio de acesso diminui substancialmente quando complementado com um acesso fixo. No caso do acesso fixo, o acesso diário à internet parece aumentar quando esse serviço é complementado com acessos móveis à internet.

A frequência de acesso à internet a partir do telemóvel é superior nos inquiridos que utilizam exclusivamente esse equipamento (7 em 10 inquiridos utilizam-no diariamente) comparativamente com quando os inquiridos dispõem de mais do que um meio de acesso à internet (cerca de 5 em 10 inquiridos utilizam-no diariamente).

Tabela 5 – Proporção de inquiridos com frequência diária de acesso à internet, por meio de acesso e existência de acessos alternativos

Proporção de inquiridos com frequência diária de acesso à internet, por meio de acesso e existência de acessos alternativos

Utilização acesso fixo

Utilização pen USB

Utilização telemóvel

Acesso exclusivamente fixo

88,0% (1.135)

-

-

Acesso exclusivo por pen USB

-

79,8% (457)

-

Acesso exclusivo por telemóvel

-

-

69,4% (85)

Acesso por pen USB e telemóvel

-

90,4% (176)

54,0% (161)

Acesso por pen USB e acesso fixo

93,3% (435)

44,3% (438)

-

Acesso por telemóvel acesso fixo

96,5% (511)

-

52,1% (511)

Acesso com os três equipamentos

91,8% (296)

49,6% (297)

51,8% (311)

Estimativa: (#) Estimativa não fiável; (*) Estimativa aceitável; (sem sinalética) Estimativa fiável.
Nota: Os valores entre parênteses são a dimensão amostral associada. As diferenças entre colunas resultam da ponderação utilizada.
Fonte: ICP-ANACOM, com base nos resultados do inquérito sobre as formas de acesso à internet.

De referir também que, de acordo com Analysys Mason (2010) 2, à exceção da Holanda, nos países da Europa Ocidental considerados 3 nesse estudo, a banda larga móvel é considerada como um segundo acesso, complementar à banda larga fixa, em vez de ser utilizada como primeiro acesso. Inversamente, nos países da Europa do Leste analisados, a banda larga móvel e a banda larga fixa são tidas como concorrentes e os seus preços são algo semelhantes.

Numa análise às características socioeconómicas dos inquiridos e à sua relação com a frequência de acesso diário à internet a partir das diferentes plataformas de acesso, considerando apenas os utilizadores exclusivos de internet por acesso fixo e por pen USB (porque, conforme verificado, a conjugação de acessos pelo mesmo utilizador influi na frequência de utilização dos mesmos), constata-se que:

a) Não parecem existir diferenças entre géneros, feminino e masculino, quanto à frequência de acesso à internet, independentemente de o inquirido ter um acesso fixo ou um acesso por pen USB. De notar porém, que frequência de acesso não é sinónimo de adesão ao serviço. No que respeita à adesão ao serviço, alguns estudos mencionam que o género masculino tem maior taxa de adesão face ao género feminino, situação que é confirmada pelos dados do INE apurados com base no seu inquérito à utilização de tecnologias de informação e da comunicação pelas famílias – 2011 (INE, 2011), de acordo com o qual, no total de inquiridos entre os 16 e os 74 anos, cerca de 58,1% dos homens utilizavam internet, sendo essa proporção de cerca de 52,5% nas mulheres. Segundo a UIT (2011), esta situação deriva de o género feminino não ter as mesmas oportunidades que o género masculino em áreas como o emprego, a educação ou a igualdade salarial, mesmo em países desenvolvidos;

b) Quanto ao grupo etário verifica-se que entre os utilizadores de pen USB, o grupo etário com a maior proporção de inquiridos que utiliza diariamente esse acesso concentra-se no intervalo entre os 25 e os 44 anos de idade. No caso dos utilizadores exclusivos por acesso fixo, existe uma relação inversa entre o acesso diário à internet usando esse acesso e o grupo etário do utilizador. Assim, quanto mais velho o indivíduo, menor é a frequência de utilização diária do acesso fixo;

c) Quanto ao nível de ensino e rendimento, tal como já havia sido referido em outros estudos, nomeadamente em UIT (2011), nos países desenvolvidos, a adesão ao serviço de internet é maior nos inquiridos com maior nível de ensino e, principalmente, nos inquiridos com maior nível de rendimento. De acordo com os resultados do presente inquérito, esta conclusão também parece ser válida, tanto para utilizadores por pen USB como para utilizadores por acesso fixo;

d) Quase metade dos inquiridos que vivem sozinhos referem utilizar o seu acesso por pen USB mais do que uma vez por dia, em contraste com uma menor frequência de acesso usando uma pen USB nos inquiridos que vivem com outra(s) pessoa(s). No caso do acesso fixo, a maior ou menor frequência de acesso à internet não parece ser influenciada pelo facto de o utilizador viver sozinho ou com outra(s) pessoa(s) no lar;

e) O Sul destaca-se por ser a região do país com, em média, uma maior frequência de acesso diário à internet a partir de pen USB. No caso do acesso fixo, não parece haver uma região que se destaque.

De acordo com a Analysys Mason (2011), no final de 2010, o acesso diário da utilização da pen USB, independentemente de este meio de acesso à internet ser complementado com outros, era de cerca de 48,1% na França, 32,5% em Espanha e 64,0% nos E.U.A.. Os resultados deste inquérito (64,2%), para Portugal, assemelham-se aos dos aferidos para os E.U.A. apesar de, tal como referido anteriormente, o método de inquirição da Analysys Mason (2011) ter sido distinto do utilizado para o inquérito que deu origem a este estudo.

Atividades desenvolvidas na internet

Em diversos estudos, nomeadamente em Ofcom (2010) e UIT (2011), são referidas as atividades mais realizadas na internet por parte dos utilizadores deste serviço. No entanto, estes estudos não avaliam a possibilidade de diferentes meios de acesso à internet poderem estar associados a diferentes atividades realizadas, ou de a complementaridade entre os diferentes meios de acesso poder influir num maior ou menor acesso diário a essas atividades a partir de cada um dos meios de acesso.

Este tipo de análise torna-se ainda mais relevante, depois de se ter verificado que a frequência de acesso à internet usando um determinado meio de acesso é condicionada pela utilização conjugada com outros acessos à internet, sendo possível que o efeito da conjugação entre diferentes acessos, também se reflita nas atividades desempenhadas a partir dos diferentes meios de acesso.

A forma como o inquérito realizado para o presente estudo foi construído, permite efetuar estas análises.

Assim, começou por se verificar que atividades são realizadas na internet, pelos inquiridos exclusivamente com um meio de acesso à internet. A Figura 5 ilustra os resultados obtidos.

Independentemente do meio de acesso à internet, as atividades com maior proporção de utilizadores com utilização diária são o acesso ao correio eletrónico 4, às redes sociais e aos serviços de conversação em linha e as pesquisas em lazer ou para a escola e trabalho. Estes resultados coincidem com os da UIT (2011).

As atividades com menor proporção de utilizadores com utilização diária são aquelas relacionadas com o home banking 5, o e.Government, a compra de produtos ou serviços e a realização de chamadas pela internet, entre outras.

De notar que, independentemente do meio de acesso em causa, o acesso ao correio eletrónico, é a atividade mais comummente acedida diariamente pelos utilizadores. Já a atividade com o menor acesso diário é a realização de chamadas de voz a partir da internet, no caso do acesso fixo e por pen USB e o acesso a páginas de internet governamentais, no caso do acesso por telemóvel.

Comparativamente com os restantes utilizadores destacam-se: (a) os utilizadores com acesso exclusivo por pen USB, com uma elevada proporção a aceder diariamente à internet para realizar pesquisas em lazer e; (b) os utilizadores com acesso exclusivo por telemóvel, com uma elevada proporção de acessos diários à internet para compra de produtos ou serviços e para ver televisão, filmes ou ouvir música pela internet.

Figura 5 – Proporção de inquiridos que acede diariamente à internet, por meio de acesso e tipo de atividade desenvolvida na internet, nos inquiridos com um acesso à internet

Comparativamente com os restantes utilizadores destacam-se: (a) os utilizadores com acesso exclusivo por pen USB, com uma elevada proporção a aceder diariamente à internet para realizar pesquisas em lazer e, (b) os utilizadores com acesso exclusivo por telemóvel, com uma elevada proporção de acessos diários à internet para compra de produtos ou serviços e para ver televisão, filmes ou ouvir música pela internet.

Fonte: ICP-ANACOM, com base nos resultados do inquérito sobre as formas de acesso à internet.

Comparou-se a frequência de acesso consoante as atividades desenvolvidas entre os utilizadores residentes em concelhos ‘C’ com aqueles residentes em concelhos ‘NC’, para utilizadores com acesso fixo e utilizadores com acesso por pen USB. Esta análise não foi realizada para o grupo de utilizadores somente com acesso por telemóvel, devido à sua fraca dimensão amostral.

No caso dos utilizadores com acesso exclusivo por pen USB, verificou-se haver um maior número de acessos para ver filmes, séries ou ouvir músicas nos concelhos ‘C’, comparativamente com os concelhos ‘NC’, não tendo sido apuradas diferenças ao nível das outras atividades desempenhadas na internet.

No caso dos utilizadores exclusivamente com acesso fixo, não foi apurada qualquer diferença entre utilizadores residentes em concelhos ‘C’ e ‘NC’ no que respeita às atividades realizadas na internet a partir desses acessos.

Quando os inquiridos dispõem de um ou mais meios de acesso à internet, verifica-se que para todas as atividades questionadas os utilizadores com maior número de acessos diários de utilização são aqueles com um acesso fixo (ver Figura 6), reflexo de um maior número de vezes de utilização dos acessos fixos em detrimento dos acessos móveis, quando o utilizador dispõe de ambos os acessos, conforme previamente referido.

Figura 6 – Proporção de inquiridos que acede diariamente à internet, por meio de acesso e tipo de atividade desenvolvida na internet

Quando os inquiridos dispõem de um ou mais meios de acesso à internet, verifica-se que para todas as atividades questionadas os utilizadores com maior número de acessos diários de utilização são aqueles com um acesso fixo, reflexo de um maior número de vezes de utilização dos acessos fixos em detrimento dos acessos móveis, quando o utilizador dispõe de ambos os acessos, conforme previamente referido.

Fonte: ICP-ANACOM, com base nos resultados do inquérito sobre as formas de acesso à internet.

A análise das atividades realizadas na internet, com base no meio de acesso utilizado e nas características dos inquiridos, como o género, grupo etário ou instrução, entre outros, permite verificar se a utilização é semelhante entre utilizadores exclusivamente com acessos por pen USB e entre utilizadores exclusivamente com acesso fixo. Não serão tidos em conta os utilizadores somente com acesso por telemóvel devido à reduzida dimensão amostral associada 6.

Dividiram-se as atividades realizadas na internet e questionadas aos utilizadores, em dois grupos, dependendo da sua frequência diária de acesso às mesmas.

O grupo I inclui as atividades com maior frequência de acessos diária por parte dos inquiridos exclusivamente com uma plataforma de acesso à internet. Essas atividades são o acesso ao correio eletrónico, às redes sociais e a serviços de conversação em linha e as pesquisas em lazer, em trabalho ou para a escola. No cruzamento entre a realização destas atividades e as características dos inquiridos, a análise é efetuada com base na proporção de inquiridos que realizam diariamente as referidas atividades, conforme se verá adiante.

O grupo II inclui as atividades com menor frequência de acesso diária, nomeadamente, jogar, ver televisão, filmes e séries na internet, descarregar músicas, filmes e outros, realizar chamadas, comprar produtos e ou serviços e aceder ao banco (home banking) e a sítios de internet do Governo. Considerando que neste grupo de atividades, a proporção de utilizadores que as realiza diariamente é mais reduzida, no cruzamento da realização destas atividades com as características dos inquiridos, optou-se por analisar a proporção de inquiridos que não utilizam esses serviços diariamente, em vez da proporção daqueles que os realizam diariamente.

Assim, comparando o género masculino com o género feminino, consoante a posse exclusiva de acesso fixo ou acesso por pen USB, verificou-se que na utilização exclusiva por acesso por pen USB, os homens têm uma maior frequência diária de acesso a redes sociais, a serviços de conversação em linha e a pesquisas em lazer, para o trabalho ou para a escola, do que as mulheres. No caso do acesso fixo, nos homens, a proporção de utilizadores que acede diariamente apenas parece ser maior, face às mulheres, no caso das pesquisas em lazer.

Quanto às atividades do grupo II, notou-se uma maior predisposição para a não utilização dos acessos nas mulheres, face aos homens, independentemente da atividade considerada e do tipo de acesso à internet disponível. As exceções são o acesso ao home banking e a realização de chamadas pela internet a partir da pen USB, para as quais a proporção de não utilizadores não parece depender do género do indivíduo.

A análise por grupos etários dos utilizadores exclusivamente com acesso fixo sugere que quanto maior a idade do utilizador, menor a propensão diária para utilizar o acesso à internet nas atividades do grupo I, sendo a exceção à regra as pesquisas em lazer (as quais não parecem depender do fator idade). No caso da pen USB, a relação inversa entre o grupo etário e a proporção de utilizadores diários só ocorre no caso do acesso a redes sociais e no acesso a serviços de conversação em rede. Para o acesso ao correio eletrónico e para as pesquisas pessoais, para o trabalho ou para a escola a partir de pen USB, existem diferenças entre os grupos etários, ainda que não seja uma relação inversa (por exemplo, as pesquisas relacionadas com tarefas do trabalho ou da escola são em maior proporção nos inquiridos com idade entre os 25 e os 44 anos e em menor proporção nos inquiridos com 55 ou mais anos de idade).

Quanto às atividades inseridas no grupo II, nos inquiridos exclusivamente com acesso fixo à internet, quanto maior o grupo etário em que o inquirido está inserido, menor a tendência para a realização diária de atividades como jogar na internet, ver televisão, séries e filmes e descarregar músicas e outros. Destaque-se ainda que, independentemente do meio de acesso à internet utilizado, a proporção de inquiridos que referiu comprar produtos e ou serviços é maior no grupo etário entre os 25 e os 34 anos e menor nos escalões etários mais velhos; por outro lado, o acesso diário ao home banking e a sítios de internet do Governo é menor no grupo etário entre os 15 e os 24 anos.

Não foram apuradas diferenças na relação entre o nível de ensino e as atividades do grupo I desenvolvidas diariamente pelo inquirido na internet, para os diferentes meios de acesso à internet.

Nas atividades do grupo II, para os utilizadores exclusivamente com acesso fixo, existe uma relação direta entre a frequência diária de acesso ao home banking e o nível de ensino do inquirido. No entanto, esta situação já não se verifica para os utilizadores de internet somente a partir de pen USB (o grupo com a menor proporção de utilizadores é aquele no terceiro nível de ensino).

Tal como o nível de ensino, a relação entre a classe social a que o inquirido pertence (entre A e E, sendo A a classe mais elevada e E a classe mais baixa) e as atividades do grupo I desempenhadas pelos inquiridos não varia com o tipo de acesso à internet utilizado. Existem duas exceções a esta regra. A primeira é a frequência diária de acesso à internet para pesquisas em lazer, que aumenta com a classe social do inquirido, mas somente nos utilizadores exclusivamente com acesso fixo, sendo que nos utilizadores exclusivamente com pen USB, se destacam somente as classes sociais mais elevada (A/B) por terem uma maior frequência de realização diária desta atividade, face às classes sociais mais baixas. A segunda exceção verifica-se no acesso a redes sociais e a serviços de conversação em linha, sendo superior nos inquiridos da classe social E, comparativamente com inquiridos de outras classes sociais, mas somente nos utilizadores exclusivamente com acesso fixo.

No caso das atividades do grupo II, a compra de produtos ou serviços pela internet, o acesso a sites do Governo, ver televisão, séries e filmes e fazer download não tem maior ou menor frequência diária de acesso por parte de utilizadores exclusivamente com pen USB e exclusivamente com acesso fixo à internet. Existe diferenças entre os dois grupos de utilizadores ao nível da frequência diária de acesso ao home banking, sendo que no caso dos utilizadores de internet por acesso fixo, quanto maior a classe social, maior o acesso diário ao home banking, enquanto nos utilizadores exclusivamente com pen USB apenas se distingue a classe mais elevada (A/B), com uma maior proporção de utilizadores a aceder a esse serviço face às restantes classes sociais.

Finalmente, no que respeita às regiões do país, no caso dos utilizadores exclusivamente com acesso fixo à internet, distingue-se o Interior Norte e no caso dos utilizadores exclusivamente com pen USB distingue-se o Sul do país, por terem uma menor frequência de acesso diária em todas as atividades do grupo I, exceto na realização de pesquisas para o trabalho, para a qual não foram apuradas quaisquer diferenças entre regiões. A Grande Lisboa também se distingue por no caso dos utilizadores exclusivamente com pen USB ter uma maior proporção de utilizadores a aceder diariamente ao correio eletrónico e no caso do acesso fixo, por ter uma maior proporção de utilizadores que acede diariamente a chats.

No caso das atividades do grupo II, não foram apuradas diferenças notórias na relação entre a região do país e o acesso diário a essas atividades, entre os dois grupos de utilizadores: exclusivamente com pen USB e exclusivamente com acesso fixo.

Em suma, existem algumas diferenças na utilização diária dos acessos à internet por parte de utilizadores exclusivamente com pen USB e exclusivamente com acesso fixo face às características pessoais dos mesmos.

A distribuição do destino das chamadas realizadas pela internet é muito semelhante para utilizadores por acesso fixo e para utilizadores por pen USB, ao contrário da distribuição para os utilizadores por telemóvel – ver Tabela 6. As chamadas realizadas a partir da internet 7 ocorreram principalmente para computadores, independentemente do meio de acesso utilizado. O segundo maior destino das chamadas realizadas pela internet é a rede internacional, para o acesso fixo e para acesso por pen USB, enquanto para o acesso usando telemóvel é a rede móvel de voz.

Tabela 6 – Rede de destino das chamadas realizadas pela internet, por meio de acesso

Rede de destino das chamadas realizadas pela internet, por meio de acesso

Fixo

Pen USB

Telemóvel

Para Computadores

63,6%

58,9%

50,8%*

Para a rede fixa internacional

31,7%

33,2%

16,5%*

Para a rede fixa nacional

17,5%

16,4%

18,1%*

Para telemóveis

3,5%

6,0%

23,0%*

NS/NR

4,4%

4,2%

12,2%

N

(535)

(214)

(43)

Estimativa: (#) Estimativa não fiável; (*) Estimativa aceitável; (sem sinalética) Estimativa fiável.
Fonte: ICP-ANACOM, com base nos resultados do inquérito sobre as formas de acesso à internet

Notas
nt_title

 
1 Estudo disponível em Estudo sobre a adesão e o impacto das e.iniciativas - Relatório Finalhttps://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1000836.
2 Estudo disponível em Triple-play pricing study 2Q 2010: price competition returnshttp://www.analysysmason.com/Research/Content/Reports/RDMB0_Triple-play_pricing_study_Aug2010/.
3 Os países da Europa Ocidental considerados em Analysys Mason (2010) foram os seguintes: Alemanha, Áustria, Bélgica, Dinamarca, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Holanda, Irlanda, Noruega, Portugal, Suécia, Suíça e Reino Unido.
4 Correio eletrónico é o termo português para a designação, em inglês, de e-mail.
5 Home banking também designado por e-banking ou banco eletrónico, trata-se do acesso e potencial realização, ou não, de operações financeiras a partir da página de internet segura do banco de que o utilizador é cliente.
6 Tratando-se de uma amostra de 80 inquiridos com apenas acesso à internet a partir do telemóvel, a sua desagregação em grupos não permite uma análise que se possa considerar válida.
7 Os preços de uma chamada a partir de Skype estão disponíveis em Quanto é que custa tudo?http://www.skype.com/intl/pt/prices/. O preço das chamadas (por minuto) varia de acordo com o país de destino e com o tipo de contrato existente, sendo que as chamadas são mais baratas quando existe uma mensalidade. Por exemplo, em Setembro de 2011, num tarifário sem mensalidade, uma chamada realizada por Skype para a rede fixa nacional custava 22 cêntimos e para a rede móvel custava 28,6 cêntimos (preços com Imposto de Valor Acrescentado) ao passo que quando existindo uma mensalidade, esse custo é mais baixo, sendo o “desconto” maior, quanto maior o valor da mensalidade.