Prestadores de serviços, características dos acessos e formas de pagamento


Motivos da escolha do prestador do serviço de acesso à internet

Velocidade descendente contratualizada

Preço médio observado do acesso à internet


Motivos da escolha do prestador do serviço de acesso à internet

Os motivos que levam os inquiridos a escolher o prestador de acesso à internet são distintos para os diferentes meios de acesso.

Para os utilizadores de internet a partir de um telemóvel, a principal razão para a escolha do operador foi o facto de já serem seus clientes de voz móvel (67,0%), seguido de ser aquele que melhor satisfaz as suas necessidades (8,9%). Nos utilizadores de pen USB para aceder à internet, o principal motivo da escolha do operador recaiu na opção “Sem razão especial” (20,0%), seguida de perto pelo fator preço (18,2%). No caso do acesso fixo, o principal motivo foi a adesão a um pacote de serviços (quase metade das respostas – 42,2%), seguido do fator preço (28,9%).

A desagregação dos motivos da escolha do prestador do serviço de acesso à internet por concelhos ‘C’ e ‘NC’, para os utilizadores que acedem à internet usando uma pen USB, mostram que nos concelhos ‘NC’ a segunda resposta mais atribuída para a escolha do prestador desse serviço foi a cobertura da rede (19,1%), enquanto nos concelhos ‘C’ essa resposta ocupou a quarta posição (12,7%), precedida das opções preço (18,1%) e melhor satisfação das necessidades (15,4%). Este resultado pressupõe que a cobertura de rede 3G (UMTS) é mais valorizada nos concelhos ‘NC’ face aos concelhos ‘C’, porventura porque a diferença entre a cobertura 3G nessas duas zonas será notória.

De referir que, de acordo com IDATE (2011), apesar de a cobertura da população por banda larga móvel em 3G ser de 98%, no que respeita à cobertura do território, é de cerca de 67% (no caso da banda larga móvel em 3G+, a cobertura é de 85% para a população e 66% para o território).

Velocidade descendente contratualizada

A proporção de inquiridos que soube responder qual a velocidade contratualizada com o prestador do serviço de acesso à internet foi muito reduzida, independentemente do tipo de acesso – somente 19,0% dos utilizadores de internet por acesso fixo, 31,9% dos utilizadores por pen USB e 3,9% dos utilizadores por telemóvel souberam responder à questão sobre qual a velocidade descendente contratualizada. Estes resultados sugerem que os utilizadores com pen USB são mais atentos do que os restantes, relativamente às ofertas que adquiriram.

São apresentados somente os resultados das velocidades contratualizadas para o acesso por pen USB e para o acesso fixo, por se ter considerado que, após obtenção dos erros amostrais associados a cada uma das três amostras, a dimensão da amostra dos acessos por telemóvel não era aceitável. A dimensão da amostra sobre a velocidade do acesso fixo foi considerada fiável e a dimensão da amostra sobre os acessos por pen USB foi considerada aceitável. 1

Quanto aos inquiridos que souberam responder à questão sobre a velocidade contratualizada associada ao seu acesso, no caso dos acessos móveis por pen USB, houve uma maior taxa de resposta nos homens, face às mulheres e nos inquiridos entre os 15 e os 29 anos, face aos restantes grupos etários. Quanto ao acesso fixo, registou-se uma maior taxa de resposta nos homens face às mulheres, nos indivíduos no grupo etário entre os 24 e os 44 anos face aos restantes grupos etários, com o secundário face aos restantes níveis de ensino e que vivem sozinhos, face aos que vivem acompanhados e na Grande Lisboa, no Grande Porto e no Litoral Centro, face às restantes regiões do país.

Conforme referido em ICP-ANACOM (2011a), em 2010, a velocidade máxima contratualizada a partir de uma oferta retalhista de banda larga móvel por pen USB era de 43,2 Mbps, comparativamente com 1 GB no caso das ofertas por acesso fixo. As velocidades que mais comummente eram oferecidas nas ofertas por pen USB eram 1 Mbps, 4 Mbps e 7,2 Mbps, ao passo que nas ofertas por acesso fixo eram 10 Mbps, 20 Mbps, 30 Mbps e 100 Mbps.

Com base nos resultados do inquérito realizado, nos inquiridos que souberam responder à questão, a velocidade descendente contratualizada mais referida (moda) pelos utilizadores com acesso por pen USB foi 4 Mbps, correspondendo também à mediana 2, enquanto a média foi 8,2 Mbps.

Nos utilizadores com acesso fixo, a moda da velocidade descendente contratualizada foi 12 Mbps, a mediada foi 20 Mbps e a média foi 25,4 Mbps. Importa, no entanto, notar que como os inquiridos com fibra foram sobrevalorizados na amostra 3 e adicionalmente têm uma taxa de resposta superior à dos restantes inquiridos com acesso fixo 4, supõem-se que as estatísticas ora mencionadas associadas ao acesso fixo estão sobreavaliadas. Para obviar este ponto, analisaram-se as velocidades dos débitos descendentes contratualizados, por tipo de tecnologia associada ao acesso fixo, tendo sido comparadas com as velocidades contratualizadas referidas pelos prestadores de serviço na informação que disponibilizam anualmente ao ICP-ANACOM (dados de 2010).

A velocidade média contratualizada indicada pelos inquiridos, conforme seria expectável atentas as características técnicas dos acessos, é mais elevada nos utilizadores com acesso por fibra (41,2 Mbps). Seguem-se os acessos por cabo, com uma velocidade média contratualizada indicada pelos inquiridos, de 21,2 Mbps e os acessos por ADSL, com uma velocidade média de 14,3 Mbps. Estes resultados são próximos dos valores indicados pelos prestadores de serviço.

Preço médio observado do acesso à internet

Quando questionados quanto à entidade que paga o acesso à internet, a grande maioria dos inquiridos referiu pagar a totalidade do valor do acesso, independentemente do meio de acesso à internet em questão. É nos inquiridos com pen USB que a proporção de acessos à internet paga, total ou parcialmente, pela entidade empregadora é superior (11,1%), seguida da utilização recorrendo a telemóveis (9,1%). Os acessos fixos, pagos total ou parcialmente pela entidade empregadora, são, em proporção, 3,1% - ver Tabela 7.

Tabela 7 – Distribuição dos inquiridos por agente que paga o acesso à internet e meio de acesso

Distribuição dos inquiridos por agente que paga o acesso à internet e meio de acesso

Fixo

Pen USB

Telemóvel

Pago totalmente pelo próprio ou familiar

96,8%

88,7%

91,0%

Pago parcialmente pela entidade empregadora

0,9%

2,0%

1,2%

Pago totalmente pela entidade empregadora

2,2%

9,1%

7,9%

NS/NR

0,1%

0,2%

0,0%

N

(2.377)

(1.368)

(1.068)

Estimativa: (#) Estimativa não fiável; (*) Estimativa aceitável; (sem sinalética) Estimativa fiável.
Fonte: ICP-ANACOM, com base nos resultados do inquérito sobre as formas de acesso à internet.

O pagamento dos acessos à internet é principalmente realizado mensalmente – 96,4% no caso do acesso fixo, 69,6% no caso da pen USB e 53,5% no caso do acesso por telemóvel. Para os acessos móveis, o pré-pagamento pelo número de horas também é opção (13,0% no caso da pen USB e 16,3% no acesso por telemóvel), seguido do pré-pagamento pelo tráfego utilizado (respetivamente, 3,2% e 10,8% para utilizadores de internet usando pen USB e utilizadores utilizando telemóvel).

Nesta fase importa referir que as ofertas retalhistas de banda larga existentes no mercado associadas a cada meio de acesso, fixo, por pen USB e por telemóvel, são distintas, inviabilizando uma comparação direta entre os preços médios observados associados a cada uma das formas de aceder à internet. Não obstante, a título ilustrativo, apresentam-se os preços observados com base no presente inquérito.

Quando questionados quanto ao preço pago mensalmente, em média, pelo acesso à internet, ou no caso do acesso fixo pela oferta que contém o acesso à internet, 77,2% dos inquiridos com acessos por pen USB souberam indicar o preço pago, sendo essas proporções de 49,5% nos inquiridos com acessos por telemóvel e 68,4% nos inquiridos com acesso fixo à internet.

O preço mais referido (moda) observado pelos utilizadores de acessos por pen USB foi 15 € e no acesso por telemóvel foi 5 € – ver Tabela 8. No entanto, se desagregados os resultados de acordo com a forma de aquisição da pen USB, isto é, se adquirida por meio de uma medida para promover a Sociedade da Informação, ou fora desse âmbito, verifica-se que no primeiro caso a moda observada é de 15 € e 30 € no segundo caso.

No caso do acesso fixo à internet, quando este era adquirido incorporado num pacote de serviços, o preço mais referido observado é 50 €, o que compara com 20 € quando este serviço é adquirido isoladamente. Este resultado é explicado pelo facto de num pacote de serviços o preço pago corresponder também aos restantes serviços.

Em termos médios, os preços observado referidos pelos utilizadores foram de 21,7 € para a pen USB (cerca de 15,7€ quando adquirida por meio de um programa para promover a Sociedade de Informação e 24,1 € quando adquirida fora desse âmbito) e 14,6 € para os acessos à internet por telemóvel. Para o acesso fixo, o preço médio observado foi 47,1 € quando este estava incluído num pacote e 23,0 € quando adquiridos isoladamente.

Tabela 8 – Estatísticas descritivas sobre o preço observado pago pelo acesso à internet (em euros), por meio de acesso

Estatísticas descritivas sobre o preço observado pago pelo acesso à internet (em euros), por meio de acesso

Fixo (isolado)

Fixo (pacote)

Pen USB

Telemóvel

Média

23,0 €

47,1 €

21,7 €

14,6 €

Mediana

20,0 €

45,0 €

21,0 €

10,0 €

Moda

20,0 €

50,0 €

15,0 €

5,0 €

N

(163)

(1.463)

(863)

(529)

*    Média     – representa o valor médio das respostas atribuídas pelos inquiridos.
**  Mediana – ordenadas as respostas dos inquiridos, a mediana representa o valor central da tabela de distribuição.
*** Moda      – é  o valor que mais vezes se repete nas opções de resposta atribuídas pelos inquiridos.
Estimativa: (#) Estimativa não fiável; (*) Estimativa aceitável; (sem sinalética) Estimativa fiável.
Fonte: ICP-ANACOM, com base nos resultados do inquérito sobre as formas de acesso à internet.

No caso dos utilizadores com pen USB, o preço médio mensal observado é maior nos inquiridos que também têm internet no telemóvel, independentemente de acederem ou não por acesso fixo, sugerindo haver nestes casos uma maior valorização da mobilidade face aos restantes inquiridos.

A análise discriminada por concelhos ‘C’ e ‘NC’ sugere que, em média, mensalmente o preço médio observado do acesso móvel a partir de uma pen USB à internet é cerca de 16% superior nos concelhos ‘C’ (22,7.€), face aos concelhos ‘NC’ (19,6.€). Esta situação poderá ser justificada por dois fatores distintos: a) pela maior adesão a programas governamentais para promover a banda larga nos concelhos ‘NC’ e; b) por uma potencial adesão a velocidades contratualizadas mais elevadas nos concelhos ‘C’ face aos concelhos ‘NC’.

De referir que, acordo com ICP-ANACOM (2011a), em 2010, o preço das ofertas retalhistas de acesso à internet por pen USB, estava compreendido entre 12,6 € 5 e 49,9 € 6 e no caso do acesso por telemóvel entre 0,91 € 7 e 15 € 8. O preço do acesso fixo à internet podia variar entre 10 € 9 e 254 € 10.

Segundo dados da OCDE para Setembro de 2010, o preço das ofertas de banda larga fixa por Mbps, situava-se no intervalo entre 0,25 € (ofertas de 1 GB) e 40,31 €. Apesar de o preço mínimo em Portugal ser dos mais baratos face aos preços mínimos verificados para os restantes países da UE27, o preço máximo em Mbps pago pela internet fixa em Portugal, era dos mais caros da UE27.

Notas
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1 As estimativas foram definidas de acordo com o respetivo erro amostral. Assim, quando o erro amostral é inferior a 10%, a estimativa é considerada fiável, quando o erro amostral se encontra no intervalo entre os 10% e os 25%, é considerada uma estimativa aceitável e quando o erro amostral é superior a 25%, a estimativa é tomada como não fiável.
2 Ordenadas as respostas dos inquiridos, a mediana representa o valor central da tabela de distribuição.
3 A amostra inclui uma proporção de utilizadores de acessos por fibra no total de acessos fixos (20,0%), superior à proporção obtida com base nos dados dos prestadores de serviço (cerca de 8,1%, no segundo trimestre de 2011). Os dados relativos aos prestadores de serviços estão disponíveis em Serviço de Acesso à Internet - 2º trimestre de 2011https://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1096908.
4 A taxa de resposta à questão sobre a velocidade cobntratualizada associada ao acesso fixo foi 25,8% para os acessos por fibra, 20,1% para os acessos por ADSL e 17,0% para os acessos por cabo.
5 Mensalidade pós-paga em qualquer lugar, velocidade contratualizada de 1 Mbps e tráfego até 300 MB.
6 Mensalidade pós-paga em qualquer lugar, velocidade contratualizada de 43,2 Mbps e tráfego ilimitado.
7 Utilização ocasional por um dia.
8 Mensalidade pós-paga em qualquer lugar, velocidade contratualizada de 7,2 Mbps e tráfego até 600 MB.
9 Valor que correponde à média mensal no primeiro ano de adesão ao serviço.
10 Mensalidade de acesso à internet por fibra óptica, incluida num pacote de sevriços com serviço telefonico fixo, televisão por subscrição e internet fixa e móvel (pen USB), com uma velocidade superior ou igual a 300 Mbps e tráfego ilimitado.