Conclusões


Este estudo pretendeu contribuir para um melhor conhecimento sobre a atual utilização da internet móvel, seja a partir de um telemóvel ou usando uma pen USB. O acesso fixo à internet também foi abordado, por se prever que a sua utilização em paralelo com a utilização de um acesso móvel pode condicionar a utilização do acesso móvel, comparativamente com quando o utilizador dispõe exclusivamente do acesso móvel.

Verificou-se que a utilização exclusiva de um tipo de acesso é mais frequente no caso dos utilizadores com acesso fixo à internet.

Constatou-se também que quando o utilizador dispõe de acesso fixo e acesso móvel (seja por pen USB e ou por telemóvel) à internet, os utilizadores evidenciam uma maior frequência de acesso diária a partir do acesso fixo do que do(s) acesso(s) móvel(is).

Quando abordados quanto aos níveis de satisfação, os inquiridos com acesso fixo mostram-se mais satisfeitos com o serviço do que os utilizadores com acessos móveis, seja por pen USB ou telemóvel.

O preço foi a característica com o menor nível de satisfação, ainda que possa ser considerada boa (3 pontos, numa escala crescente de satisfação, entre 1 e 4), tendo-se verificado que a satisfação com o preço dos serviços móveis diminui quando o utilizador também dispõe de um acesso fixo, ao passo que a satisfação com o acesso fixo aumenta quando o utilizador também dispõe de um ou mais acessos móveis à internet.

No conjunto dos utilizadores que à data do inquérito dispunham de internet, houve uma maior desistência de acessos por pen USB do que do acesso fixo ou do acesso por telemóvel. A futura intenção de desistir do atual acesso à internet e a sua potencial substituição por outro(s) meio(s) de acesso também é maior nos inquiridos com pen USB e menor nos inquiridos com acesso fixo, tendo-se verificado uma relação entre a intenção de desistir do acesso e o nível de satisfação quanto ao mesmo.

Oferecendo mobilidade, as ofertas móveis por pen USB, em virtude das suas características técnicas, têm menos débitos e velocidades contratualizadas inferiores, do que as ofertas de acesso fixo, situação que é percebida pelos utilizadores. Adicionalmente, o acesso fixo é mais frequentemente incluído num pacote de serviços, sob as mesmas condições, nomeadamente tráfego e velocidade, do que o acesso por pen USB. Não obstante, a mobilidade parece ser um fator relevante para uma parcela de utilizadores, ainda que não se possa quantificar com exatidão essa proporção.

Constatou-se que a cobertura de rede é mais relevante na escolha do prestador de serviços da pen USB nos concelhos ‘NC’ do que nos concelhos ‘C’. Existem também diferenças entre concelhos ‘C’ e concelhos ‘NC’, quanto às atividades realizadas a partir do acesso fixo e a partir da pen USB – nos utilizadores exclusivamente com pen USB, existe uma maior frequência de acesso diária a filmes, séries ou ouvir músicas, nos concelhos ‘C’ comparativamente com os concelhos ‘NC’ enquanto nos utilizadores exclusivamente com acesso fixo não foram obtidas quaisquer diferenças entre a frequência de acesso às atividades desempenhadas. Não foram apuradas diferenças ao nível da longevidade e da frequência de acesso à internet a partir dos diferentes meios de acesso nos concelhos ‘C’ e ‘NC’, quer nos utilizadores exclusivamente com pen USB e exclusivamente com acesso fixo à internet.

Analisadas as questões deste estudo, outras são suscitadas, nomeadamente o facto de haver uma maior utilização diária do acesso fixo quando o inquirido dispõe também de acessos móveis, especialmente por pen USB, e os motivos associados à opção de utilização do acesso fixo em detrimento do acesso por pen. A análise da duração das ligações à internet também se mostra oportuna para destrinçar diferenças de utilização dos acessos móveis, pen USB e por telemóvel, bem como compreender qual o significado de ‘sempre ligado’ no caso dos utilizadores com internet por telemóvel. Outra questão está associada aos motivos pelos quais alguns indivíduos optam pela pen USB como meio de acesso, quando apenas utilizam esse acesso em casa, tentando aferir, entre outras, se existe algum vínculo contratual que justifique essa situação ou se resultará da forma como a mobilidade é valorizada.

Uma continuação do estudo desta matéria poderá contribuir para melhor conhecer o tipo de relação entre meios de acesso, nomeadamente quanto às formas de complementaridade e ou substituibilidade entre a banda larga fixa e a banda larga móvel, em especial, e de acordo com os resultados deste inquérito, na perspetiva do acesso fixo com pen USB.

Finalmente interessa acompanhar a evolução da utilização da banda larga móvel em Portugal, um função da massificação dos terminais tipo smartphone e especialmente considerando as futuras ofertas 4G, cuja disponibilização ao nível das ofertas retalhistas se avizinha.