| NOTAS: | O tema central deste número do JANUS é “Portugal num mundo em mudança”. A temática foi objecto de um trabalho de investigação desenvolvido na Universidade Autónoma de Lisboa nos últimos meses e teve o apoio do Ministério dos Negócios Estrangeiros. O estudo inclui a participação de grande número de especialistas e os seus resultados inspiram-se em grande parte numa mesa-redonda de longa duração, na qual estiveram embaixadores, académicos, militares e muitos outros especialistas, com a participação activa do próprio Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros, na altura o Dr. Luís Amado. A questão que estava em cima da mesa era essencialmente esta: as transformações da cena internacional, tanto à escala mundial como europeia, aconselham inflexões na política externa portuguesa? Segundo alguns, a diplomacia portuguesa esteve durante décadas centrada naquestão colonial (ou ultramarina…), mais tarde passou a centrar-se na dimensão europeia, e podemos indagar se acaso se esgotou esse “ciclo europeu” a favor de recentes coordenadas que obrigam à abertura de Portugal a novos espaços geopolíticos, como a área da lusofonia, o Magrebe ou as potências asiáticas emergentes.Todavia, o anuário JANUS 2011-2012 não se esgota no tema da posição de Portugal face às profundas transformações em curso na realidade internacional. Dois capítulos de menor dimensão completam o plano dos assuntos tratados. O primeiro é dedicado às grandes redes do conhecimento. O próprio título induz a importância que se atribui aos sistemas reticulares, ou seja, à organização em redes fl exíveis e em expansão, própria da chamada “sociedade do conhecimento”. E quando falamos de redes estamos a referir-nos a domínios tão vastos como o das necessárias infra-estruturas tecnológicas, ou das agora tão faladas “redes sociais”, incluindo o estudo das redes de conhecimento científi co, ou o que se passa com o jornalismo digital ou as televisões globais, abrangendo ainda a análise das redes universitárias reguladas pela Declaração de Bolonha. Questões como a dos grandes grupos de informação de infl uência mundial ou o interessante problema sobre quem governa a internet são também objecto de atenção, de que o leitor captará a lógica unifi cadora, além da aparente dispersão dos artigos.O segundo capítulo intitula-se “Zonas de crise na geopolítica mundial”. É um tema relativamente recorrente nas várias edições do JANUS, dado o natural relevo atribuído às situações onde a confl itualidade provoca graves sofrimentos aos povos, ou onde as tensões internacionais geram instabilidade, ou ainda zonas onde as movimentações populares são portadoras de mudanças de sinal positivo. Na aérea da segurança e dos confrontos estratégicos, as crises contemporâneas têm particularidades que é útil captar. Questões novas, como a luta por recursos ou o surto de pirataria marítima, acrescentam-se às antigas regiões de fricção, por vezes crónica, em zonas fronteiriças ou no interior de sociedades em decomposição. E ainda conseguimos introduzir neste panorama umaanálise da “primavera árabe”, num momento em que esse imprevisível processo está rodeado das maiores incertezas. |
