Serviços over-the-top (OTT): Utilização de instant messaging, chamadas de voz e outras aplicações online em Portugal e na U.E.
(população residencial)
Dezembro de 2017
ANACOM
https://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1426058
Infograma sobre os serviços over-the-top (OTT) - 2017
Serviços OTT em Portugal e na UE em 2017
Este relatório apresenta a informação disponível sobre a utilização de serviços Over-the-top (OTT) em Portugal e na U.E em 2017, assim como o grau de substituição face aos serviços tradicionais e as principais características dos utilizadores destes serviços.
- 44% dos utilizadores de Internet fazem chamadas de voz e vídeo
- Penetração de instant messaging ultrapassa 50% entre utilizadores de telemóvel
- Utilizadores de videostreaming pago crescem
- Principais aplicações utilizadas são as redes sociais
- Portugal acima da média da U.E. nas aplicações não profissionais, abaixo da média no mobile banking e e-commerce
- De acordo com a perceção do consumidor, existe um grau elevado, embora decrescente, de substituição entre serviços tradicionais e serviços over-the-top
- Serviços de Instant messaging e voz através da Internet são mais utilizados pelos mais jovens e pelos utilizadores com habilitações literárias mais elevadas
44% dos utilizadores de Internet fazem chamadas de voz e vídeo
De acordo com o inquérito promovido pela Comissão Europeia1, no início de 2017 a percentagem de utilizadores da Internet que efetuaram chamadas de voz ou vídeo pela Internet em Portugal2 foi de 44%, mais 5 pontos percentuais (p.p.) do que no ano anterior. Trata-se do maior crescimento anual desde 2013. Portugal encontrava-se na 21.ª posição do ranking da UE28.
Gráfico 1 - Utilizadores de Internet que fizeram chamadas de voz/vídeo pela Internet, Portugal e UE28
Unidade: %.
Fonte: Comissão Europeia, Information and Communication Technologies in households and by individuals (2008 e 2017)
Base: Indivíduos com idade entre 16 e 74 anos que utilizaram Internet nos primeiros três meses do ano.
Caso se considere o total de indivíduos, e não apenas os utilizadores de Internet, a penetração destes serviços em Portugal seria de 32%, menos 7 p.p. que a média da UE28 (trata-se da maior diferença registada desde 2012).
Gráfico 2 - Utilizadores de Internet que fizeram chamadas de voz/vídeo pela Internet, Portugal e UE28
Unidade: %.
Fonte: Comissão Europeia, Information and Communication Technologies in households and by individuals (2008 e 2017)
Base: Indivíduos com idade entre 16 e 74 anos
De acordo com o Barómetro de Telecomunicações (BTC) da Marktest3, no final do 3.º trimestre de 2017 (3T2017), a percentagem de utilizadores de telemóvel que fizeram chamadas de voz pela Internet foi de 37%. As chamadas de voz pela Internet foram o serviço over-the-top cuja utilização mais aumentou no último ano (+10,3 pontos percentuais que no 3T2016).
Penetração de instant messaging ultrapassa 50% entre utilizadores de telemóvel
O Instant messaging foi utilizado por 54% dos utilizadores de telemóvel.
Gráfico 3 - Utilizadores de telemóvel que utilizam OTT: voz e mensagens
Unidade: %.
Fonte: ANACOM com base nos microdados do BTC da Marktest, 4T2013 - 3T2017.
Base: Indivíduos com 10 ou mais anos com telemóvel.
Nota: Todas as estimativas são fiáveis (coeficiente de variação inferior a 10%)4. A seta com orientação ascendente indica um aumento estatisticamente significativo face ao período homólogo5.
Ao contrário do que acontece com os serviços de voz, a penetração de instante messaging é maior entre os utilizadores de Internet no telemóvel do que entre os utilizadores de Internet fixa.
Gráfico 4 - Serviços OTT (chamadas de voz e messaging): Internet no telemóvel Vs. Internet fixa
Unidade: %.
Fonte: ANACOM com base nos microdados do BTC da Marktest, 3T2016 e 3T2017.
Base: Indivíduos com 10 ou mais anos com Internet no telemóvel; Indivíduos com 15 ou mais anos com Internet fixa em casa
Nota: Todas as estimativas são fiáveis (coeficiente de variação inferior a 10%)4. A seta com orientação ascendente refere-se a um aumento estatisticamente significativo face ao período homólogo5.
Utilizadores de videostreaming pago crescem
Os serviços que colocam à disposição do consumidor um conjunto de filmes e séries mediante o pagamento de uma mensalidade surgiram em Portugal no segundo semestre de 2015.
De acordo com o BTC da Marktest, no 3T2017 a percentagem de indivíduos com 10 ou mais anos que subscrevia pelo menos destes serviços (i.e. Netflix, NPlay6, FOXPlay e Amazon Prime Video) atingiu os 5,5%, +2,3 pontos percentuais do que no período homólogo.
Entre os utilizadores do Netflix, 1 em cada 2 acediam a este serviço através de PC ou portátil e 45% acediam através de uma app no telemóvel ou tablet.
Gráfico 5 - Notoriedade e subscrição de serviços de videostreaming on demand
Unidade: %.
Fonte: ANACOM com base nos microdados do BTC da Marktest, 3T2017.
Base: Indivíduos com 10 ou mais anos
Nota: Significado da sinalética das estimativas: (#) Estimativa não fiável; (*) Estimativa aceitável; (sem sinalética) Estimativa fiável4.
Principais aplicações utilizadas são as redes sociais
Os dados do BTC da Marktest do 3T2017, revelam que, entre os utilizadores de Internet no telemóvel, cerca de 80% acedia às redes sociais, 68% visualizava vídeos e consultava mapas, 47% ouvia música, 27% jogava online, 21% acedia ao mobile banking e 11% via TV online.
No caso dos utilizadores de Internet fixa as principais aplicações são o acesso a redes sociais (70%), a consulta de mapas (53%) e a visualização de vídeos (60%).
Por comparação com o período homólogo do ano anterior, registou-se um aumento na utilização de vídeos e música online entre os utilizadores de Internet no telemóvel, e de redes sociais, vídeos online e mobile banking entre os utilizadores de Internet fixa (variações significativas e superiores a 3 pontos percentuais).
Gráfico 6 - Serviços over-the-top (OTT) utilizados no acesso à Internet
Unidade: %.
Fonte: ANACOM com base nos microdados do BTC da Marktest, 3T2016 e 3T2017.
Base: Indivíduos com 10 ou mais anos com Internet no telemóvel; Indivíduos com 15 ou mais anos com Internet fixa em casa
Nota: As estimativas são todas fiáveis (coeficiente de variação inferior a 10%)4. Não se verificam diferenças significativas face ao trimestre anterior.
Portugal acima da média da U.E. nas aplicações não profissionais, abaixo da média no mobile banking e e-commerce
De acordo com o inquérito "Information and Communication Technologies in households and by individuals" relativo ao início de 2017, a utilização deste tipo de aplicações apresentava uma maior penetração em Portugal do que na média da UE28, à exceção do mobile banking e do e-commerce.
|
UE28 (%) |
Portugal (%) |
Ranking |
Desvio face à UE28 (p.p) |
Var. Portugal 2016/17 (p.p) |
Atividades realizadas na Internet para fins não profissionais |
|||||
Participar em redes sociais |
65 |
76 |
8.º |
+11 |
+2 |
Colocar conteúdos criados por si num website para ser partilhado ou visualizado por outras pessoas |
40 |
60 |
3.º |
+20 |
+3 |
Envio/receção de e-mails |
86 |
80 |
18.º |
-6 |
-1 |
Acesso a informação e entretenimento |
|||||
Leitura de notícias em websites, jornais ou revistas online |
72 |
80 |
13.º |
+8 |
+2 |
Pesquisa de informação sobre produtos ou serviços |
78 |
82 |
14.º |
+4 |
-1 |
Pesquisa de informação sobre saúde |
61 |
69 |
9.º |
+8 |
0 |
Atividades realizadas na Internet ligadas à participação cívica e à vida profissional |
|||||
Publicou opiniões ou comentários sobre questões cívicas ou políticas em websites |
14 |
18 |
3.º |
+4 |
: |
Participou em consultas online ou votações para contribuir para a decisão de questões cívicas ou políticas |
10 |
15 |
3.º |
+5 |
: |
Participou em redes profissionais (criou perfil de utilizador, colocou mensagens ou outras contribuições, como por exemplo no LinkedIn, Xing, etc.) |
15 |
16 |
12.º |
+1 |
: |
Realização de outras atividades na Internet |
|||||
Utilização de serviços relativos a viagens ou alojamento em viagem |
50 |
33 |
21.º |
-17 |
+6 |
Venda de bens ou serviços, tendo contactado e negociado com o comprador através da Internet (ex. eBay) |
22 |
11 |
21.º |
-11 |
0 |
Compra de bens ou serviço online |
57 |
34 |
22.º |
-23 |
+1 |
Realização de serviços bancários através de Internet banking |
61 |
42 |
24.º |
-19 |
+1 |
Unidade: %, p.p.
Fonte: Eurostat, European ICT survey: "Information and Communication Technologies in households and by individuals" (2017); Recolha efetuada no primeiro trimestre do ano.
Base: Indivíduos com idade entre 16 e 74 anos que utilizaram Internet nos primeiros três meses do ano.
De acordo com a perceção do consumidor, existe um grau elevado, embora decrescente, de substituição entre serviços tradicionais e serviços over-the-top
Segundo os dados do BTC da Marktest, no 2T2017 e numa escala de 1 (não existe substituição) a 10 (total substituição), os consumidores consideravam que o grau de substituição entre serviços tradicionais e serviços OTT era de 6,9 e de 7,0, respetivamente no caso da voz móvel e da voz fixa.
Por outro lado, entre 27 e 28% dos consumidores «concorda totalmente» com a existência de substituição entre serviços tradicionais e OTT, embora inferior ao verificado no ano anterior (-3 pontos percentuais).
Gráfico 7 - A utilização de serviços de voz ou mensagens pela Internet vieram substituir a utilização dos serviços tradicionais …
Unidade: %; escala 1 (discorda totalmente) a 10 (concorda totalmente)
Fonte: ANACOM com base nos microdados do BTC da Marktest, 2T2017.
Base: Indivíduos com 10 ou mais anos
Nota: Todas as estimativas são fiáveis (coeficiente de variação inferior a 10%)4.
Serviços de Instant messaging e voz através da Internet são mais utilizados pelos mais jovens e pelos utilizadores com habilitações literárias mais elevadas
Procedeu-se à identificação do perfil sociodemográfico e económico do consumidor de alguns serviços OTT (utilizadores de chamadas de voz pela Internet e utilizadores de instant messaging) recorrendo à estimação de modelos econométricos de escolha discreta - logit7 recorrendo, para o efeito, aos microdados do BTC da Marktest relativos ao 3.º trimestre de 2017.
Das análises efetuadas concluiu-se que8:
- Os indivíduos com menos de 35 anos e com níveis de escolaridade mais elevados (ensinos secundário e superior) apresentam uma maior propensão para utilizarem instant messaging e chamadas de voz pela Internet;
- A realização de chamadas de voz através da Internet tende a ser maior entre os utilizadores de Internet no telemóvel residentes na Grande Lisboa e na Madeira, e entre os estudantes que dispõem de Internet fixa.
Entre o final de 2015 e o 3T2016 aumentou a utilização de chamadas de voz pela Internet. No caso da Internet no telemóvel, a utilização destes serviços cresceu sobretudo entre os indivíduos com 15-24 anos e 45-54 anos, entre as classes sociais média/alta (A/B) e entre os indivíduos com o ensino superior. No caso da Internet fixa, o crescimento ocorreu no escalão dos 25 a 34 anos9.
Portugal encontrava-se acima da média da UE28 na utilização de chamadas de voz ou vídeo entre os utilizadores de Internet no caso dos indivíduos com nível de escolaridade mais elevado (com o ensino secundário e superior, +4 e +1 pontos percentuais, respetivamente).
Em todos os escalões etários, Portugal encontrava-se ligeiramente abaixo da média.
Gráfico 8 - Utilização de chamadas de voz ou vídeo entre os utilizadores de Internet por escalão etário
Unidade: %.
Fonte: Eurostat, European ICT survey: "Information and Communication Technologies in households and by individuals" (2017); Recolha efetuada no primeiro trimestre do ano.
Base: Indivíduos com idade entre 16 e 74 anos que utilizaram Internet nos primeiros três meses do ano.
Entre 2016 e 2017, a utilização destes serviços entre os mais jovens (16-24 anos) e os estudantes cresceu mais na UE28 que em Portugal.
Também nos diversos quartis de rendimento, Portugal tende a ter uma menor utilização de chamadas de voz ou vídeo pela Internet entre os utilizadores de Internet por comparação à média da UE28.
|
2016 |
2017 |
||||||
UE28 |
Portugal |
Ranking |
Desvio face à UE28 (p.p) |
UE28 |
Portugal |
Ranking |
Desvio face à UE28 (p.p) |
|
Quartis de rendimento |
||||||||
1º quartil |
36 |
41 |
15.º |
+5 |
43 |
43 |
18.º |
0 |
2º quartil |
34 |
35 |
18.º |
+1 |
42 |
39 |
20.º |
-3 |
3º quartil |
36 |
34 |
18.º |
-2 |
45 |
40 |
17.º |
-5 |
4º quartil |
43 |
44 |
17.º |
+1 |
51 |
49 |
18.º |
-2 |
Escalão etário |
||||||||
16 a 24 anos |
54 |
59 |
14.º |
+5 |
63 |
60 |
21.º |
-3 |
25 a 34 anos |
46 |
41 |
22.º |
-5 |
54 |
49 |
22.º |
-5 |
35 a 44 anos |
38 |
36 |
22.º |
-2 |
46 |
45 |
21.º |
-1 |
45 a 54 anos |
33 |
33 |
18.º |
0 |
40 |
36 |
21.º |
-4 |
55 a 64 anos |
31 |
31 |
17.º |
0 |
36 |
34 |
19.º |
-2 |
65 a 74 anos |
29 |
26 |
22.º |
-3 |
33 |
31 |
22.º |
-2 |
Nível de escolaridade |
||||||||
Até ao 3.º ciclo |
34 |
34 |
22.º |
0 |
41 |
35 |
22.º |
-6 |
Ensino secundário |
36 |
39 |
17.º |
+3 |
44 |
48 |
15.º |
+4 |
Ensino superior |
47 |
48 |
20.º |
+1 |
52 |
53 |
17.º |
1 |
Condição perante o trabalho |
||||||||
Empregado |
39 |
37 |
21.º |
-2 |
47 |
42 |
21.º |
-5 |
Desempregado |
36 |
36 |
22.º |
0 |
42 |
42 |
22.º |
0 |
Estudante |
57 |
60 |
16.º |
+3 |
65 |
61 |
22.º |
-4 |
Reformado e outros inativos |
32 |
31 |
21.º |
-1 |
36 |
32 |
24.º |
-4 |
Unidade: %, p.p
Fonte: Eurostat, European ICT survey: "Information and Communication Technologies in households and by individuals" (2016 e 2017); Recolha efetuada no primeiro trimestre do ano.
Base: Indivíduos com idade entre 16 e 74 anos que utilizaram Internet nos primeiros 3 meses do ano de acordo com a respetiva característica
1 Information and Communication Technologies in households and by individuals realizado pelos institutos nacionais de estatística da UE e harmonizado e compilado pelo Eurostat. Este inquérito é de periodicidade anual. O universo é constituído pelos agregados familiares residentes em Portugal com pelo menos um indivíduo com idade entre 16 e 74 anos. A dimensão da amostra foi de 7478 agregados domésticos em 2017. O período de referência da informação é o momento da entrevista para os dados relativos aos agregados domésticos, e o primeiro trimestre de 2017 para os dados referentes a pessoas.
2 Chamadas de voz ou de vídeo pela Internet efetuadas entre janeiro e março do respetivo ano realizadas por indivíduos com idade entre 16 e 74 anos e que utilizaram Internet nos primeiros três meses (exclui as chamadas para fins profissionais).
3 O Barómetro Telecomunicações (BTC) é um estudo regular da Marktest para o sector das telecomunicações. O universo do Barómetro de Telecomunicações - Rede Fixa é composto pelos lares de Portugal e a dimensão da amostra é 1.250 entrevistas mensais. O universo do Barómetro de Telecomunicações – Rede Móvel é composto pelos indivíduos com 10 e mais anos residentes em Portugal e a dimensão amostral é de 1.350 entrevistas por mês. A análise dos dados do BTC é feita para um período trimestral. A amostra de lares garante uma margem de erro absoluta máxima de 1,7 pontos percentuais (questões efetuadas à totalidade dos lares) e a amostra de indivíduos com 10 ou mais anos garante uma margem de erro absoluta máxima de 1,6 pontos percentuais (questões efetuadas à totalidade dos indivíduos).
4 Recorre-se ao coeficiente de variação enquanto indicador de avaliação do erro de amostragem, tendo por base a variância do estimador «proporção» de uma amostragem aleatória simples. Considera-se a seguinte classificação: estimativa fiável quando o coeficiente de variação é inferior a 10%; estimativa aceitável quando o coeficiente de variação é superior ou igual a 10% e inferior a 25%; estimativa não fiável quando o coeficiente de variação é superior ou igual a 25%. A precisão das estimativas não depende somente da dimensão amostral, sendo também influenciada pelo valor da própria estimativa (ex.: para uma dimensão amostral fixa, a fiabilidade medida pelo coeficiente de variação é tanto menor quanto menor for o valor da estimativa).
5 Recorre-se ao teste estatístico da diferença entre duas proporções para amostras grandes e independentes, considerando um nível de confiança de 95%.
6 No início de novembro de 2017 o NPlay assume a designação Nos Play.
7 Este tipo de modelo permite identificar de forma integrada os fatores que distinguem os utilizadores de serviços como “chamadas de voz pela Internet” e “instant messaging” entre os utilizadores de Internet através do telemóvel (com 10 ou mais anos) e entre os utilizadores de Internet fixa (com 15 ou mais anos). A variável dependente é uma variável binária que pode tomar o valor 1 no caso de o indivíduo utilizar o respetivo serviço OTT ou 0 no caso contrário. Enquanto variáveis explicativas consideraram-se as variáveis discretas da região Marktest, classe social, escalão etário, nível de escolaridade, condição perante o trabalho, dimensão familiar. Na nota de rodapé 65 da Situação das Comunicações de 2011 descreve-se de forma mais detalhada a metodologia utilizada (modelo logit).
8 Esta análise é da responsabilidade da ANACOM.
9 Ver anexo para maior detalhe.