COVID-19: Tráfego de voz e dados diminui na última semana do estado de emergência


Na semana de 27/04 a 02/05/2020, última semana em que vigorou o estado de emergência, o tráfego de dados diminuiu 1% face à semana anterior e o tráfego de voz diminuiu 3%.

Relativamente ao período pré-COVID, o tráfego de dados regista um aumento de 55%, sendo que o tráfego de dados fixo subiu 59%, e o tráfego de dados móvel diminui 3%. Mais de 95% do tráfego de dados é cursado nas redes fixas.

Por sua vez, o tráfego de voz aumentou 16%, com o tráfego de voz fixa a subir 24% e o tráfego de voz móvel a aumentar 15% em comparação com aquele período. O tráfego de voz móvel foi sete vezes superior ao tráfego de voz fixa.

O tráfego médio por utilizador na semana de 27/04 a 02/05/2020 foi, no mínimo, de 18 minutos de voz fixa, 62 minutos de voz móvel, 38 GB de dados fixos e 0,8 GB de dados móveis.

O número de acessos em local fixo tem crescido, aumentando 0,5% em comparação com período pré-COVID19, enquanto o número de acessos móveis diminuiu entre 3,7% e 0,8%%, consoante o tipo de acesso.

Variação % face a período pré-COVID-19

 

Unidade

Semana de
27/4 a 02/05/2020

TOTAL DE TRÁFEGO DE VOZ

 

16%

Tráfego do serviço telefónico em local fixo (minutos)

1 minuto

24%

Tráfego do serviço telefónico móvel (minutos)

1 minuto

15%

TOTAL DE TRÁFEGO DE DADOS

 

55%

Volume de tráfego de Internet fixa (em GB)

GB

59%

Tráfego de dados móveis (em GB)

GB

-3%

ACESSOS

 

 

Acessos em local fixo

1 acesso fixo

0,5%

(dos quais) de clientes residenciais

1 acesso fixo

0,5%

Acessos móveis com utilização efetiva

1 acesso móvel

-3,7%

(dos quais) afetos a planos pós-pagos e híbridos

1 acesso móvel

-1,5%

(dos quais) de clientes residenciais

1 acesso móvel

-0,8%

Tráfego médio por acesso

 

Semana de
27/4 a 02/05/2020

Voz fixa (minutos)

18

Voz móvel (minutos)

62

Internet fixa (em GB)

38

Tráfego de dados móveis (em GB)

0,8

Variação percentual face a semana anterior

 

Semana de
27/4 a 02/05/2020

TOTAL DE TRÁFEGO DE VOZ

-3%

Tráfego do serviço telefónico em local fixo (minutos)

-5%

Tráfego do serviço telefónico móvel (minutos)

-3%

TOTAL DE TRÁFEGO DE DADOS

-1%

Volume de tráfego de Internet fixa (em GB)

-1%

Tráfego de dados móveis (em GB)

2%

ACESSOS

 

Acessos em local fixo

0,0%

(dos quais) de clientes residenciais

0,1%

Acessos móveis com utilização efetiva

-1,3%

(dos quais) afetos a planos pós-pagos e híbridos

-0,3%

(dos quais) de clientes residenciais

-0,2%

Nota: Dados provisórios e estimados calculados com base na informação das quatro principais entidades que prestam serviços de comunicações eletrónicas.

Estado de emergência tem impacto de 49% nos dados

A evolução do tráfego de voz e dados de comunicações eletrónicas sofreu alterações significativas devido à COVID-19 e às medidas excecionais e temporárias associadas a esta doença.

Na semana de 9 a 15 de março, na sequência da declaração de pandemia e das primeiras medidas tomadas pelo governo e pelas entidades públicas e privadas, o tráfego de dados aumentou 24% face à semana anterior, enquanto que o tráfego de voz aumentou 21% (Figura 1).

Na semana de 16 a 22 de março entrou em vigor o estado de emergência e o tráfego voltou a crescer face à semana anterior, tendo aumentado 16% no caso dos dados e 32% no que respeita à voz. Foi nesta semana que se registou o volume mais elevado de tráfego de voz (59% acima do valor registado na semana de 2 a 8 de março).

Estima-se que, em termos médios, o estado de emergência tenha tido um impacto de 49%/semana no tráfego de dados1. O pico de tráfego de dados foi registado na semana de 13 a 19 de abril.

No caso do tráfego de voz, o impacto inicial do estado de emergência foi de 41%2. Nas semanas seguintes, o tráfego de voz iniciou uma trajetória descendente, encontrando-se ainda cerca de 20% acima do tráfego do período pré-COVID19.

Figura 1 – Evolução do tráfego voz e dados entre fevereiro e abril de 2020

Figura 1 - Evolução do tráfego voz e dados entre fevereiro e abril de 2020

Unidade: TB (eixo da esquerda), Milhões de minutos (eixo da direita)
Fonte: ANACOM

As medidas excecionais e temporárias adotadas para fazer face à COVID19, resultaram também em alterações dos padrões de consumo. No caso do tráfego de voz, contabilizou-se um significativo crescimento do tráfego de voz fixa (p.ex. 61% na semana de 16 a 22 de março face à semana de 2 a 8 de março), que contrasta com a redução verificada em anos anteriores, e um crescimento também significativo, embora mais moderado, da voz móvel (42% no mesmo período) – vd. Figura 2.

Apesar do aumento do peso relativo da voz fixa em todo o período em vigorou o estado de emergência, a voz móvel continuou a ser cerca de sete vezes superior à voz fixa.

Figura 2 – Evolução do tráfego voz entre fevereiro e abril de 2020

Figura 2 - Evolução do tráfego voz entre fevereiro e abril de 2020

Unidade: Milhões de minutos
Fonte: ANACOM

Quanto ao tráfego de dados, são os dados fixos que têm contribuído para o crescimento verificado. Estima-se que, em média, o tráfego de dados fixos tenha aumentado 59% em resultado do estado de emergência, enquanto no caso dos dados móveis este impacto tenha sido de 9%.

O tráfego de dados fixo tem sido mais de 20 vezes superior ao tráfego de dados móveis, quando, no período anterior às medidas excecionais e temporárias, era cerca de 14 vezes superior.

O tráfego de dados móveis cresceu nas primeiras quatro semanas do estado de emergência, tendo depois descido para valores inferiores ao da semana anterior à declaração de pandemia (semana de 2 a 8 de março). Recorde-se que os maiores prestadores ofereceram aos seus clientes 10 GB de dados móveis no início do período em que vigorou o estado de emergência.

Figura 3 – Evolução do tráfego dados entre fevereiro e abril de 2020

Figura 3 - Evolução do tráfego dados entre fevereiro e abril de 2020

Unidade: TB
Fonte: ANACOM

Encomendas postais crescem pela terceira semana consecutiva

Pela terceira semana consecutiva, o tráfego de encomendas postais cresceu e foi 18% superior ao registado no período anterior à entrada em vigor das medidas excecionais e temporárias associadas ao COVID-19.

Face à semana anterior, o tráfego total de encomendas aumentou 7%. As encomendas nacionais aumentaram 5%. As encomendas internacionais de saída aumentaram 3% e as encomendas internacionais recebidas do exterior aumentaram 24%.

Variação percentual do tráfego de encomendas postais face ao período pré-COVID19

 

Semana de
27/4 a 03/05/2020

Nacional

17%

Internacional de saída

2%

Internacional de entrada

44%

TOTAL

18%

Variação percentual do tráfego de encomendas postais face a semana anterior

 

Semana de
27/4 a 03/05/2020

Nacional

5%

Internacional de saída

3%

Internacional de entrada

24%

TOTAL

7%

Nota: Estimativa calculada com informação representativa de cerca de 75% do tráfego de encomendas.

Declaração de estado de emergência provocou queda acentuada do tráfego de encomendas e posteriormente um forte aumento

O tráfego de encomendas nacionais diminuiu cerca 20% na semana em que foi declarado o estado de emergência (16 a 22 de março). Desde essa altura tem vindo a recuperar (com exceção da semana da Páscoa que contou com menos um dia útil), crescendo em média 7%/semana3.

Quanto às encomendas internacionais, depois de quedas acentuadas nas semanas posteriores à declaração do estado de emergência, que chegaram a atingir 61% no caso do fluxo de saída e 34% no caso do fluxo de entrada, estão agora acima do valor pré-COVID19.

Figura 4 – Evolução do tráfego encomendas entre fevereiro e abril de 2020

Figura 4 - Evolução do tráfego encomendas entre fevereiro e abril de 2020

Unidade: 1 encomenda
Fonte: ANACOM

Notas
nt_title
 
1 Para efeitos da modelização desta série, recorreu-se ao modelo de regressão linear múltipla com as seguintes variáveis independentes significativas a um nível de confiança de 95%: outlier aditivo relativo à semana 9 a 15 de março (OMS), outlier aditivo no período 16 março a 26 de abril (EMERGENCIA=1 se t>=t0, sendo t0=7 para o conjunto de dados disponível). Y=128.524.621+25.474.184OMS+71.521.240EMERGENCIA. R2 ajustado de 0,980. Análise efetuada atendendo às recomendações do Eurostat no tratamento de séries temporais no contexto da crise COVID-19: https://ec.europa.eu/eurostat/documents/10186/10693286/Time_series_treatment_guidance.pdfhttps://ec.europa.eu/eurostat/documents/10186/10693286/Time_series_treatment_guidance.pdf.
2 Para efeitos da modelização desta série, recorreu-se ao modelo de regressão linear múltipla com as seguintes variáveis independentes significativas a um nível de confiança de 95%: tendência (t), outlier aditivo relativo à semana de 24 de fevereiro a 1 de março (CARNAVAL), outlier aditivo relativo à semana 9 a 15 de março (OMS), outlier alteração temporária de tendência no período 16 março a 26 de abril (EMERGENCIA=0,75(t-t0) se t>=t0, sendo t0=7 para o conjunto de dados disponíveis). Y=617.744.982+7.822.449t-65.158.536CARNAVAL+151.385.127OMS+280.039.249*0,75 (t-7) . R2 ajustado de 0,988. Análise efetuada atendendo às recomendações do Eurostat no tratamento de séries temporais no contexto da crise COVID-19: https://ec.europa.eu/eurostat/documents/10186/10693286/Time_series_treatment_guidance.pdfhttps://ec.europa.eu/eurostat/documents/10186/10693286/Time_series_treatment_guidance.pdf.
3 Para efeitos da modelização desta série, recorreu-se ao modelo de regressão linear múltipla com as seguintes variáveis independentes significativas a um nível de confiança de 95%: outlier com tendência linear referente ao período de emergência de 16 março a 26 de abril; outlier aditivo relativo à semana de 24 de fevereiro a 1 de março (CARNAVAL), outlier aditivo relativo à semana 6 a 12 de abril (PASCOA): Y=706.643-203.567EMERGENCIA+46.474EMERGENCIA*(t-t0)-83.995PASCOA-58.919CARNAVAL. R2 ajustado de 0,936.