Portugal com deteção ambiental e sísmica por cabo submarino


O cabo submarino internacional de comunicações que vai interligar Portugal ao Brasil e que deverá entrar em operação no 2.º trimestre de 2021, vai ter capacidade de deteção sísmica no ramo entre o Funchal e Sines, sendo o primeiro sistema internacional no mundo a ser dotado desta funcionalidade. Os dados sísmicos recolhidos deverão ser entregues, para armazenamento, processamento e estudo, à academia nacional e às agências e institutos públicos que estudam e abordam a atividade sísmica.

A informação recolhida deverá ser agregada e processada pela comunidade científica e pelas entidades públicas, tendo em vista melhorar substancialmente o conhecimento científico do fundo marítimo da plataforma continental portuguesa, havendo também a possibilidade de existência de uma contribuição adicional significativa para uma tomada de decisão sobre a produção de alertas e avisos de ocorrência de tsunamis e de terramotos.

A ANACOM tem dado particular atenção a este tema e está a seguir iniciativas que permitam aos cabos submarinos de comunicações virem a realizar deteção sísmica e ambiental (aquecimento global/alterações climáticas de acordo com os "Objetivos de Desenvolvimento Sustentável" da ONU), razão pela qual se congratula com o anúncio feito pelo futuro sistema submarino ELLALINK relativamente à Madeira e continuará a apoiar a utilização dos cabos submarinos de comunicações para a deteção ambiental e sísmica.

Em 2017 a ANACOM alertou o Governo para a necessidade de substituição do anel Continente-Açores-Madeira (CAM), que estará ao serviço até o final de 2024, já que a sua substituição é absolutamente necessária para garantir a coesão territorial entre as Regiões Autónomas e o Continente.

Em junho de 2018, a ANACOM promoveu a realização de um seminário em Lisboahttps://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1454658, com a participação de operadores do Continente e das Regiões Autónomas, assim como membros dos Governos Regionais e da República, onde foi apresentada a necessidade de substituição do atual Anel CAM. No encerramento, a ANACOM desafiou o sector, operadores, fabricantes, etc., para que fosse considerada a possibilidade de, no novo Anel CAM, os futuros cabos submarinos realizarem deteção sísmica.

Nesse mesmo ano, a ANACOM começou a promover a discussão da possibilidade da deteção sísmica com a utilização de cabos submarinos e tem vindo a realizar contactos com fornecedores e com a academia.

No início de 2019, a ANACOM passou a seguir de perto as atividades da Joint Task Force SMART Cables1 (participação das UIT2, UNESCO-IOC3 e WMO4), assim como do ICPC5, e identificou entidades nacionais que já estavam a desenvolver investigação que conduzia à utilização de cabos submarinos para deteção sísmica e ambiental, tendo acompanhado o entendimento entre as mesmas.

A deteção ambiental e sísmica, através da utilização de cabos submarinos de comunicações, poderá ser possível através de variados métodos que se complementam e se confirmam, quer pela utilização de sensores submersos (deteção dita “molhada”), quer pela não recorrência à utilização de sensores submersos (deteção dita “seca”).

Em meados de 2019 foi criado pelo Governo um grupo de trabalho, presidido pela ANACOM e integrando representantes de vários ministérios e das Regiões Autónomas, para estudar o futuro dos cabos submarinos na zona CAM, tendo os trabalhos ficado concluídos no final de 2019 com a entrega de um relatório ao Governohttps://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1499386, no qual era claramente identificada a oportunidade e conveniência em que os futuros cabos submarinos que viessem a garantir a interligação CAM, pudessem também vir a realizar deteção ambiental e sísmica, tendo em vista a possibilidade de recolha de dados científicos e, se possível, ter-se como último objetivo a possibilidade de se criarem condições para a emissão de alertas e avisos de tsunamis e também de sismos.

Notas
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1 https://www.itu.int/en/ITU-T/climatechange/task-force-sc/Pages/default.aspxhttps://www.itu.int/en/ITU-T/climatechange/task-force-sc/Pages/default.aspx
2 https://www.itu.int/en/Pages/default.aspxhttps://www.itu.int/en/Pages/default.aspx
3 http://ioc-unesco.org/http://ioc-unesco.org/
4 https://public.wmo.int/enhttps://public.wmo.int/en
5 https://www.iscpc.org/https://www.iscpc.org/