ANACOM e autarcas de Montemor-o-Novo debatem problemas no sector das comunicações


A ANACOM esteve na Câmara Municipal de Montemor-o-Novo no dia 24 de junho, a apresentar as perspetivas de desenvolvimento futuro das redes fixas e móveis e os resultados de um estudo sobre a qualidade das redes móveishttps://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1724302 no concelho, ao Presidente da Câmara, Olímpio  Galvão,  e aos autarcas das sete freguesias do concelho: Cabrela, Ciborro, Foros de Vale  de Figueira, Santiago do Escoural, S. Cristóvão, e Uniões de  Freguesias de Cortiçadas de Lavre e Lavre, e de N.ª Sr.ª da Vila, N.ª Sr.ª do Bispo e Silveiras.

Na sessão, os autarcas elencaram os problemas existentes ao nível da falta de cobertura das redes móveis e fixas no concelho, identificando as zonas onde se registam os maiores problemas, assim como as iniciativas levadas a cabo junto dos operadores para ultrapassar estes problemas, sem sucesso. Enfatizaram os fortes impactos que a deficiente cobertura do concelho, tanto ao nível da voz como dos dados, tem na capacidade de captação de investimento e de fixação das populações e procuraram que soluções poderão existir para ultrapassar estes constrangimentos a curto prazo. Os autarcas, sobretudo o Presidente da Junta de Freguesia de Santiago do Escoural, deu nota dos graves problemas existentes na distribuição postal, que o levou a apresentar uma reclamação junto da ANACOM e dos CTT.

A Câmara Municipal de Montemor-o-Novo denunciou ainda o facto de a DSTelecom estar a estender fibra nalgumas zonas do concelho, sem autorização da autarquia.

Na sessão, em resposta às preocupações dos autarcas, o Presidente da ANACOM, João Cadete de Matos, explicou as mudanças que são esperadas no sector, que poderão trazer uma mudança significativa à situação das telecomunicações em Portugal, sobretudo nos concelhos e freguesias com maiores défices de cobertura. Nomeadamente, as obrigações de cobertura que decorrem das regras do leilão do 5G, de acordo com as quais 75% da população das freguesias de baixa densidade tem que ter acesso à Internet a uma velocidade de 100 Mbps no final de 2023, valor que sobe para 90% em 2025. No que respeita às redes fixas de elevada capacidade, referiu o trabalho que a ANACOM está a fazer com o Governo, com vista ao lançamento, ainda este ano, de um concurso público internacional para selecionar a empresa que instalará fibra ótica nas zonas onde ela ainda não existe, de modo a que todos os alojamentos possam ficar cobertos.

João Cadete de Matos esclareceu ainda que, no imediato, a única forma de conseguir ter um serviço de dados onde não existem redes fixas ou móveis, é recorrer aos serviços de Internet que utilizam constelações de satélites de baixa altitude e que já estão disponíveis em Portugal.

Na reunião com os autarcas foi feita uma apresentação relativa às zonas brancas e ao trabalho que a ANACOM está a desenvolver nesta matéria em coadjuvação ao Governo, a cargo de Ilda Matos, Diretora de Comunicação da ANACOM.

Vitor Rabuge, Diretor-Geral de Supervisão da ANACOM, apresentou os resultados do estudo de qualidade das redes móveis da MEO, NOS e Vodafone, levado a cabo por esta Autoridade entre 10 e 13 de maio de 2022. No total, foram percorridos cerca de 670 quilómetros e realizadas 2858 chamadas de voz, 896 testes de velocidade de ligação à Internet e 115 648 registos de sinal rádio.

Neste estudo foram analisados os principais indicadores de qualidade, tendo em conta a perspetiva do utilizador e os serviços objeto de estudo:

  • cobertura das redes – disponibilidade das redes radioelétricas nas tecnologias 2G, 3G e 4G e 5G (sinal de rede);
  • serviço de voz – acessibilidade do serviço telefónico móvel;
  • serviços de dados – acesso ao serviço de banda larga móvel.

Principais resultados dos testes realizados

Os resultados mostram que:

  • Do total de medidas efetuadas por cada operador, registou-se a indicação de rede existente em 98,4% medições da MEO, 95,8% da NOS e 97,6% da Vodafone.
  • A qualidade da cobertura radioelétrica dos sistemas de comunicações móveis foi classificada em 6 níveis: “Inexistente”, "Muito Má”, “Má”, “Aceitável”, Boa” e “Muito Boa”, em função do nível de sinal recebido no dispositivo móvel. Agregando os registos de qualidade “Inexistente”, "Muito Má” e “Má”, estes perfazem um total de 42,8% na MEO, 47,4% na NOS, e de 32% na Vodafone.
  • No serviço de voz, os resultados apurados relativamente à acessibilidade (estabelecimento de chamada com sucesso) foram de 96,4% para a MEO, 94,5% para a NOS e 95,2% para a Vodafone.
  • O rácio de terminação bem-sucedida de chamadas (as que se concretizaram e se concluíram com sucesso) foi de 83,6% para a MEO, 89,3% para a NOS e de 90,4% para a Vodafone. Em termos globais, do total de tentativas de chamadas de voz, resultaram 4,6% de chamadas falhadas no seu estabelecimento e 7,6% de chamadas com quebra durante a conversação.
  • No serviço de dados (banda larga móvel), na globalidade, os resultados revelaram que 74,1% dos testes foram concluídos com sucesso. Identificaram-se falhas em zonas de pior nível de sinal, promovendo baixas velocidades de transferência de dados. As taxas de sucesso de testes NET.medehttps://netmede.pt/ (testes iniciados e concluídos) foram de 79,5%, 57,7% e 85,1% respetivamente, para MEO, NOS e Vodafone.
  • As velocidades médias de transferência de dados em download e upload foram, respetivamente, de 40 e 7 Mbps na MEO, 37 e 10 Mbps na NOS e, 29 e 12 Mbps na Vodafone, sendo de destacar a existência de grande variação dos valores observados, fortemente dependente dos locais onde foram realizados os testes. Quanto à latência verificaram-se valores entre os 60;30 ms em 73,2% dos testes da MEO, em 49,1% dos testes da NOS e em 51,5% dos testes da Vodafone.

A figura seguinte apresenta a classificação do desempenho dos operadores para cada serviço:

Na figura é indicada a classificação do desempenho dos operadores para cada serviço no concelho de Montemor-o-Novo.

Caso existissem acordos de roaming nacional em Portugal (funcionalidade que permite aos equipamentos dos utilizadores de qualquer um dos operadores se poder conectar à estação base de outro operador quando a qualidade de sinal de rede do seu operador não for aceitável) teríamos uma cobertura agregada de maior qualidade no concelho de Montemor-o-Novo, como é evidenciado na figura abaixo.

Qualidade de sinal no concelho de Montemor-o-Novo
Identificação, para cada ponto geográfico, do melhor nível de sinal entre os três operadores analisados.

Momento da reunião com os autarcas de Montemor-o-Novo.
Momento da reunião


Consulte: