A ANACOM realizou um estudo para avaliar o desempenho dos serviços móveishttps://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1732367 prestados pela MEO, NOS e Vodafone no serviço Intercidades da CP - Comboios de Portugal e verificou que, apesar de globalmente existir sinal de rádio e elevadas taxas de estabelecimento de chamadas com sucesso (98%) e de terminação bem-sucedida de chamadas (94%), existem alguma zonas da linha em que não existe qualquer uma das redes móveis, nomeadamente nos túneis mais distantes dos grandes centros urbanos e junto ao estuário do Sado.
Os locais em que se verifica a ausência de cobertura e consequente inexistência de serviço móvel impossibilitam, nomeadamente, o acesso ao número de emergência 112 e apresentam-se assim como boas oportunidades de melhoria do desempenho e serviço proporcionado pelas redes móveis da MEO, NOS e Vodafone.
O estudo feito pela ANACOM, na ótica do utilizador, cujo trabalho de campo decorreu entre 3 abril e julho de 2022, visou avaliar e verificar a qualidade dos serviços prestados em 2G, 3G, 4G e 5G, nos seguintes troços ferroviários do serviço Intercidades: Lisboa–Évora; Lisboa–Guarda; Lisboa–Beja; Lisboa–Faro; Pampilhosa–Guarda; Porto–Braga; Porto–Guimarães; Porto–Valença; Porto–Lisboa.
No total foram feitas 11 560 chamadas de voz, 11 242 testes NET.medehttps://netmede.pt/, e 389 611 registos de sinal rádio, numa extensão de cerca de 5400 km percorridos.
Os principais resultados observados nas medições efetuadas no serviço Intercidades da CP são os seguintes:
- do total de registos obtidos, verificou-se globalmente indicação de cobertura (existência de sinal rádio) em mais de 99% das amostras das quais 87% correspondem a valores de qualidade entre “Aceitável” e “Muito Bom”. Sem cobertura, registaram-se menos de 1% das amostras, não existindo diferenças significativas entre operadores;
- do total de amostras, a tecnologia mais utilizada foi 4G com 53% dos registos, tendo-se verificado a utilização de tecnologia 5G em 32% dos registos efetuados;
- o serviço de voz apresenta um bom desempenho global, com uma taxa de sucesso na acessibilidade (estabelecimento de chamada com sucesso) de 98% e uma taxa de terminação bem-sucedida de chamadas (as que se concretizaram e se concluíram com sucesso) de 94%, sem diferenças significativas entre operadores. Observam-se, contudo, algumas zonas das linhas do serviço Intercidades em que é mais difícil o estabelecimento ou manutenção das chamadas. Pela negativa destacam-se os troços: Portela–Trofa; Pampilhosa–Mortágua; Mangualde-Fornos de Algodres; Rodão–Abrantes; Pombal–Entroncamento; Vendas Novas–Casa Branca; Casa Branca–Évora; Pinhal Novo–Grândola; Ermidas Sado–Funcheira; Funcheira–Santa Clara Saboia e Santa Clara Saboia–Messines Alte, nos quais se verifica, simultaneamente, um fraco desempenho dos três operadores.
- no serviço de dados o desempenho global é razoável, com taxas de sucesso de testes (iniciados e concluídos) de 85%, sendo o melhor desempenho obtido pela MEO. Os testes NET.medehttps://netmede.pt/ registam razoáveis velocidades médias de transferência de dados em download/upload superiores a 80 Mbps/15 Mbps, respetivamente, com o melhor resultado a ser obtido pela NOS. Constata-se, no entanto, que a variabilidade nos resultados é bastante elevada com máximos em download e upload de 1074 Mbps e 147 Mbps, e mínimos de 0,1 Mbps (quer em download quer em upload). Na análise do serviço de dados também se verificam zonas dos troços ferroviários em que este se degrada ao ponto de apresentar falhas. Pela negativa identificaram-se os troços: Portela–Trofa; Pampilhosa–Mortágua; Mortágua–Santa Comba Dão; Mangualde–Fornos de Algodres; Rodão–Abrantes; Fundão–Castelo Branco; Pombal–Entroncamento; Entroncamento–Santarém; Santarém–Vila Franca de Xira; Pinhal Novo–Vendas Novas; Vendas Novas–Casa Branca; Casa Branca–Alcáçovas; Casa Branca–Évora; Pinhal Novo–Grândola; Grândola–Ermidas Sado; Ermidas Sado–Funcheira; Funcheira–Santa Clara Saboia; Santa Clara-Saboia–Messines-Alte e Albufeira (Ferreiras)–Loulé, nos quais se registam fracos desempenhos pelos três operadores.
Este estudo foi feito por solicitação da CP que considera que as comunicações móveis são um fator relevante para a revitalização do transporte ferroviário.