38.ª reunião do Comité Consultivo da EUTELSAT - Paris


A 38.ª reunião do Comité Consultivo (CC) da EUTELSAT IGO decorreu em Paris (França), a 9 de dezembro de 2016, presidida pela Polónia (Piotr Dmochowski-Lipski).

Estiveram presentes 6 dos 7 Estados que integram o CC, ou seja, França, Itália, Luxemburgo, Polónia, Portugal - que participou em simultâneo como Presidente da Assembleia de Partes (AP) - e Suíça. O Azerbaijão e o Montenegro participaram na qualidade de observadores.

O Secretário Executivo (SE) - Christian Roisse, França - da EUTELSAT IGO reportou as atividades que decorreram desde a última reunião do Comité, realizada em março, até à atualidade, em particular quanto à supervisão da companhia Eutelsat S.A., sob monitorização da IGO, e cuja situação financeira continua a assegurar as condições com vista ao cumprimento dos princípios de base e das obrigações de serviço público a que o operador se encontra obrigado.

De salientar contudo os maus resultados financeiros do operador Eutelsat S.A., no que respeita ao ano financeiro 2015-2016, que registou um crescimento das receitas de 0,2%, contra o esperado, entre 2 e 3%. Os maus resultados foram justificados com a queda em dois segmentos de negócios (dados e serviços governamentais) e a diminuição da procura nos mercados em desenvolvimento, devido às dificuldades económicas e à falta de capacidade de pagamento em países como a Federação Russa, Angola, Nigéria, Brasil, México, Colômbia e a América Latina em geral.

Michel Azibert, CEO adjunto da companhia, reportou ao CC, como habitual, admitindo que o último ano foi “desapontador”, não tendo a Eutelsat S.A. sido capaz de atingir o objetivo de crescimento estabelecido. Para o ano financeiro 2016-2017, as previsões de crescimento situam-se também em terreno negativo, entre -3 e -1% (contra a previsão entre +4 a +6%), devendo a recuperação registar-se no ano seguinte. No entanto, também os concorrentes enfrentam dificuldades, realçou, com a Société Européenne de Satellites a registar no último ano um crescimento entre -4 e -2%.

Neste momento, a companhia encontra-se a rever a sua organização e prioridades estratégicas, de modo a lograr alcançar estabilidade no próximo ano e a regressar ao crescimento em 2018-2019. Um sinal desse reposicionamento poderá ser a alienação, em julho de 2016, da participação de 34% da companhia na Hispasat, bem como, já no terceiro trimestre deste ano, a venda de uma participação de 70% na Wins/DHI (mobilidade marítima).

O mesmo responsável confirmou os rumores de que o concurso para a operação, na próxima década, da constelação de 30 satélites Galileo teria sido ganho pela Spaceopal, uma joint venture entre a German Aerospace Agency (DLR) e a Italy’s Telespazio - informação divulgada a 15 de dezembro pela European GNSS Agency (GSA), em GSA Signs Galileo Service Operator Contract Link externo.https://www.gsa.europa.eu/newsroom/news/gsa-signs-galileo-service-operator-contract. Recorde-se que a companhia Eutelsat S.A. foi um dos concorrentes vencidos.

O SE informou o Comité relativamente à atual estrutura acionista do grupo Eutelsat. O BPI France Participations (ex-FSI), um banco público de investimento formado pelo Estado francês e pela Caisse des Dépôts, mantém-se como o acionista principal, detendo 26% da companhia. A companhia de investimentos Fonds stratégique de Participations (FSP), participada pelas seis maiores seguradoras francesas, tornou-se o segundo maior acionista, detendo hoje uma quota de 7,5%. O fundo soberano chinês CIC é o terceiro maior acionista, com uma quota de 6,6%, perto de dois terços das ações da Eutelsat, cerca de 57%, encontram-se dispersas em bolsa. A frota da Eutelsat SA, composta por 39 satélites geoestacionários, cobre dois terços da população mundial e é hoje o terceiro maior operador global de satélites.

O CC analisou ainda os resultados do ano financeiro que medeia entre julho de 2015 e junho de 2016, período em que os custos operacionais da EUTELSAT IGO se encontram dentro do orçamentado, tendo a organização poupado cerca de 97 500 euros nas suas despesas. O orçamento, revisto pelo SE, para o ano financeiro 2016-2017, foi também notado.

No início da sessão do CC teve lugar uma apresentação intitulada “Sustentabilidade a longo prazo das atividades espaciais”, efetuada pelo SE, que referiu os desenvolvimentos nesta matéria no âmbito do Comité das Nações Unidas para o Uso Pacífico do Espaço Extra-Atmosférico, e por Christian Cazaux, do Centro Nacional para os Estudos Espaciais, que abordou a situação atual e constelações futuras.

A próxima reunião do CC foi agendada para 26 e 27 de janeiro de 2017.