O vídeo da conferência da ANACOM que colocou em debate os desafios da sociedade digital já está disponível.
https://www.youtube.com/watch?v=aFEUdSn4kzo&feature=youtu.be&t=36 https://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1470432
Assista ao discurso de abertura, a cargo do Secretário de Estado Adjunto e das Comunicações, Alberto Souto de Miranda, que sublinhou alguns riscos e desafios associados à evolução digital, nomeadamente, a assimetria digital, a substituibilidade das pessoas pela tecnologia e a cobertura homogénea do território com fibra ótica.
A inclusão digital necessita de estratégia e de políticas ativas de todos os parceiros: minorar o risco da substituibilidade profissional com reconversão curricular e requalificação profissional, mitigar o risco da conectividade permanente e assediante com boas práticas laborais e legislação se necessário for, aproveitar a oportunidade para novas formas de organizar o horário de trabalho, atenuar os riscos éticos com um pensamento crítico sobre o clássico tema da relação entre a ciência e uso que se faz dela, reforçar o controlo dos nossos dados e a democracia, difundindo a cultura de proteção individual, reforçando os meios da CNPD e das autoridades de cibersegurança.
https://www.youtube.com/watch?v=aFEUdSn4kzo&feature=youtu.be&t=1129https://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1470446
Daniel Innerarity, filósofo e professor abordou o impacto do digital e da tecnologia num vasto número de circunstâncias, da proximidade cada vez maior entre consumidores e serviços à predominância do modelo de “uberização” do mundo onde cada vez mais serviços estão acessíveis através de plataformas digitais. Abordou algumas vantagens e inconvenientes decorrente da profunda transformação de conceitos como “conhecimento”, “liberdade” “privacidade” ou “controlo”. Deu exemplo do poder influenciador dos “prescritores digitais” dos nossos dias que se encontram ao serviço das plataformas Amazon, Trip Advisor, etc, e o impacto das suas opiniões no gosto e nas escolhas da rede social. A Inteligência artificial foi também abordada para, concretamente, se referir o contributo dado pela predição, pela medição do impacto das políticas públicas ou pela medição das preferências da sociedade no aparecimento de novos modelos sociais, económicos, culturais.
https://www.youtube.com/watch?v=aFEUdSn4kzo&feature=youtu.be&t=3883https://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1470448
Gustavo Cardoso, professor de ciências da comunicação e diretor do OberCom – Observatório de Comunicação, na análise sociológica que fez à transformação tecnológica e digital que atravessamos, apresentou inúmeros exemplos do quotidiano que mostram de que forma o digital mudou o modo de olhar, pensar e de agir hoje e contagiou não só a sociedade mas também a economia ou a cultura.
A mudança de olhar está inerente ao comportamento de cada um de nós. Aqueles que cresceram com a televisão, com a rádio e com os jornais, hoje em dia, quando estão a publicar algumas coisas na Internet, estão convencidos que estão a agir como os jornais de antigamente: se tenho um blog estou a equiparar-me a algo que eu achava interessante no passado que era um jornal, tenho “a visão/o meu olhar sobre o mundo” de que estou a fazer a mesma coisa que via na televisão e nos jornais; (…) o mesmo para quem publica vídeos no Youtube, que são uma televisão igual àquela que viam na sua infância e adolescência, e o mesmo acontece com quem publica no Twitter, são uma empresa distribuidora, uma radiodifusão ou teledifusão de notícias e informação e cada um de nós age como se fosse essa empresa.
O nosso quotidiano e a nossa relação com a tecnologia, sempre associada a updates e a coisas que não estão terminadas, cria a apetência para aceitarmos que essa é a norma das coisas. Se aceitamos que haja updates de software de automóveis no momento em que os estamos a conduzir, claramente estamos a entrar no patamar da nossa relação com a produção. Passa a ser norma que as coisas nunca estejam terminadas e estejam permanentemente em transformação. Isso é verdade tanto para os serviços como para os bens. A nossa forma de comunicar e de nos relacionarmos com a tecnologia chama-nos a atenção para que o mundo está permanentemente em update.
https://www.youtube.com/watch?v=aFEUdSn4kzo&feature=youtu.be&t=8998 https://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1470449
A posse em rede está a construir culturas de nuvem, onde, a valorização da propriedade se está a traduzir na valorização do acesso. Todos os modelos de subscrição que temos hoje, estão a contaminar relação de propriedade com coisas a que não estávamos habituados, ex: subscrição de arrendamentos, subscrição de uso de automóveis.
O encerramento foi assegurado pelo Presidente da ANACOM, João Cadete de Matos, que referiu ter sido cumprido o propósito da conferência, que era refletir sobre as transformações na sociedade com impacto significativo na vida das pessoas e contrariar a visão formatada das questões normativas e jurídicas associadas ao mundo digital e à atividade da regulação.
