O ano de 2021, à semelhança do que aconteceu em 2020, foi um ano atípico e exigente ao nível da utilização das redes de comunicações eletrónicas, na sequência do dever geral de recolhimento decorrente da situação pandémica, que obrigou às situações de teletrabalho e aulas online. No entanto, o número de incidentes ocorridos e a duração média anual do tempo de indisponibilidade de serviço atingiram os valores mais baixos de sempre, correspondendo à tendência verificada nos últimos cinco anos.
Observou-se uma redução significativa do número total de incidentes de segurança notificados à ANACOM pelas empresas de redes e serviços de comunicações eletrónicas: 38 incidentes de segurança, menos 41% do que no ano anterior e o valor mais baixo registado desde 2015, como ilustrado no Gráfico 1. A duração média anual por incidente atingiu o registo mais baixo dos últimos anos, 12 horas, um número significativamente mais baixo do que as 51 horas registadas em 2017.
Ademais, não foram evidenciados incidentes de segurança diretamente relacionados com a pandemia, em grande parte devido à adaptação das redes para cenários de tráfego intenso por parte das empresas (em particular, nos períodos de teletrabalho obrigatório).
O 1.º e 2.º trimestres, com 66% dos incidentes, foram os que mais revelaram uma situação gravosa no que respeita ao número de incidentes recebidos. As regiões norte e centro de Portugal foram as que tiveram mais incidentes nas redes e serviços de comunicações eletrónicas.
Gráfico 1 – Volume e variação anual de incidentes de segurança notificados durante 2015-2021.
Unidade: Número de incidentes de segurança
Fonte: ANACOM
Da totalidade dos incidentes notificados em 2021 conclui-se que 47% foram devidos a falha no fornecimento de bens ou serviços por terceiro, designadamente falhas no fornecimento de energia elétrica ou de avaria em circuitos alugados. Destacam-se ainda as ocorrências devido a acidente ou fenómeno natural, que ascendem a 26% do total dos incidentes reportados; a manutenção ou falha de hardware ou de software, responsáveis por 24% dos incidentes; e os ataques maliciosos que originaram 3% dos incidentes. Para todo o período, desde 2015 a 2021, os incidentes imputáveis a causas associadas a fatores externos ao sector tiveram uma preponderância de 75%.
Em 2021, a maioria das notificações teve impacto em dois ou mais serviços de comunicações eletrónicas acessíveis ao público. De acordo com as notificações recebidas, a telefonia fixa foi o serviço mais vezes afetado, com 61% do total de notificações recebidas; seguindo-se a telefonia móvel, com 58%; e a Internet móvel, com 39% do total de notificações.
Durante os últimos sete anos verificou-se que os três serviços mais afetados foram, em ordem decrescente (Gráfico 2): telefonia fixa (70%), telefonia móvel (59%) e Internet móvel (42%). A Internet fixa, a TDT e a TV por subscrição foram serviços afetados em respetivamente 30%, 22% e 21% das notificações recebidas.
Gráfico 2 – Distribuição dos incidentes de segurança notificados para cada tipo de serviço afetado, 2015-2021.
Unidade: % de incidentes de segurança
Fonte: ANACOM
Dos 20 incidentes de segurança que foram notificados devido ao impacto sobre o número de assinantes/acessos afetados (patamares), dois foram abrangidos pela obrigação de divulgação ao público pelas empresas.
No que concerne aos incidentes que condicionaram os utilizadores de contactarem os centros de chamadas de emergência utilizando o número de emergência 112, foram registados 9 incidentes (ou seja 24% do total) que tiveram impacto no acesso aos Centros de Atendimento do 112 dos Postos de Atendimento de Segurança Pública (em 2020 esse impacto tinha sido verificado em 32 dos incidentes reportados, ou seja, em 50% do total).
Consulte o relatório estatístico:
- Relatório de violações de segurança ou perdas de integridade (2021) https://www.anacom.pt/render.jsp?contentId=1720801